Varal de sexta-feira, com branco, renda e alfazema na água de enxaguar
Foto de uma corda de lindezas de por ai
Foto de uma corda de lindezas de por ai
Uma vizinha de blog, que quem dera fosse de janela, porta, telhado, varal, essa semana falou e levou para o blog dela um texto que também falava, de sentir falta de varais. Não que não tenha um na casa dela e na da jornalista que escreveu o texto, ou na minha, a saudade é de varal extenso, numa área grande, quintal, laje, que os lençóis são estendidos abertos e caso ameacem encostar no chão, uma vassoura faz pezinho.
No apertamento dos apartamentos tem o não poder colocar nada na janela, na varanda, nem para aproveitar o sol depois de dias de chuva, nem num horário tal a tal. Nada! Do tipo pague para lavar na lavandeira, seja moderna mulher, ou lave roupa todo dia miúdo a miúdo, estenda seus lençóis dobrados e deixe uma calça jeans cinco dias no varal até secar. Edredon nem pensar, por causa de lavar e guardar, não há armário suficiente nem para árvore de Natal.
Varal e liberdade para ser casa e ter vizinhança com vida me dá inveja das favelas e não me manda bater na boca não, tenho chegado a conclusão de que lugar bom de morar, de vizinhança educada e amiga, festa de final de ano, torcida de futebol fiel, de bandeiras na rua e pintura no asfalto, troca de pratinhos no São João, é bairro pobre, não fosse a violência (que nos enganamos pois está nos bairros nobres também), lugar de gente mais feliz.
E nessa vontade doméstica que agiliza a secagem das roupas e diminui a pilha na lavanderia, tem um querer poético (meu e das meninas: Ana e Giovana) de ver as roupas lado a lado na corda de nylon ou arame, esticadinhas e compondo um visual artístico de cores e estampas, com o céu azul, tem também o corre corre quando a chuva chega sem avisar. Tem o cheiro do sabão quando o vento bate e o balé das peças presas com os pregadores. Passar por entre as peças só de cabelo lavado e banho tomado para não sujar as bonitas.
Desejo de poder lavar na mão, num tanque com espaço para ficar com uma perna dobrada sobre a outra e espaço atrás para baldes, bacias, pregadores, para sacudir as peças e as delicadas lavadas com sabonete, sem torcer porque estraga o aplique ou tecido, serem estendidas sem pregador, pelo meio e o pinga-pinga cair no chão de cimento, sem problema de estragar o piso e fazer poça no chão. Desejos e memórias boas eu tenho de varais, lajes e quintais.