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Pelo dia do escritor

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Dia 25 de julho comemora-se o dia do escritor, data promulgada após a realização do primeiro Festival do Escritor Brasileiro, promovido pela União Brasileira de Escritores, da qual Jorge Amado era vice-presidente. 
Registro minha homenagem a todos os escritores(as) citados e recomendados por mim, aos que nunca citei mas gosto, uma homenagem especial aos que escrevem poesias, aos que publicaram o primeiro livro esse ano, aos que fazem publicações em seus blogs e também aos que escrevem em cadernos e folhas de papel que as vezes ninguém lê.
Falando em escritores que nunca falei aqui, resolvi trazer um que nunca falei porque é uma recente descoberta: Moacyr Scliar é o nome dele, nascido em Porto Alegre, lugar que me lembra Chica, escritora e amiga (olha ele ganhando simpatia extra de mim). Era médico, além de escritor, duas lindas profissões.
Vou confessar que me empolguei e escrevi a beça. Como dizia na abertura de um programa da TV Cultura que eu assistia com meu filho quando ele era miudinho: "Senta que lá vem história".
Sciliar é autor de mais de 80 livros de vários gêneros, sendo as crônicas seu carro chefe. Em uma seleção de crônicas dele, reunidas em um livro chamado: A poesia das coisas simples, da Companhia das letras, organizado e prefaciado por Regina Zilberman, descobri que ele leu e gostou muito, como eu, do livro: O livreiro de Cabul, bom livro para ser indicado no dia de hoje, que embora eu já tenha lido está na lista dos que vou comprar um dia para minha coleção.
Como bem diagnosticou o médico escritor Scliar: "As pessoas que amam o livro, amam-no não só por seu conteúdo, pelas histórias que conta ou pelas ideias que expõe; as pessoas que amam o livro, amam-no também como objeto."
Não podia deixar de pontuar que comprei "A poesia das coisas simples" pelo nome e pela capa, embora acredite e valha para livros e pessoas, não se fazer julgamento pela capa, costumo comprar livros sem ler a descrição ou a orelha como geralmente se faz. A tal capa a propósito, é azul celeste e há passarinhos voando por ela. Recortei trechos de uma das crônicas dele, publicada por Moacyr Scliar em 1977 para trazer, segue:
"As perguntas feitas aos escritores são interessantes. Refletem a concepção de que a literatura se gera no escritório como resultante de uma conjuntura peculiar, de certas manobras, de determinados ritos...alguns escritores escrevem de pé (como Hemingway) e outros, deitados (como Proust)...Pergunta-se aos escritores como e por que começaram a escrever. Como, não é difícil de descobrir, mas o porquê, ah, o porquê."
São tantos porquês e "para ques", pessoais, coletivos, vocacionais, sensoriais. Palavras reunidas, garimpadas, enfileiradas, rabiscadas, digitadas, impressas, registradas, advindas de vivências, filosofias, fantasias, reflexões, relatos, sentimentos, sensações.
Scliar foi colunista dos jornais Zero Hora e Folha de São Paulo, escreveu e contribuiu com suas ideais e pensamentos para vários órgãos da imprensa e tem textos seus adaptados para o cinema, teatro, tevê e rádio, inclusive no exterior. Em 2003, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras e em 2011 foi escrever no infinito azul celeste.
Para fechar, vou divulgar e divagar sobre o Plano Municipal do Livro e da Leitura de Salvador, do qual faz parte da construção uma amiga minha, Adriana Gonçalves Reis, para quem mandei algumas sugestões e hoje está havendo uma conferência, na qual novos passos serão dados. A quem morar aqui e se interessar pelo tema está feito o convite a participar do evento, que será na Biblioteca Thales de Azevedo, às 14 horas.
O mundo precisa de muitos e bons escritores e de acesso e incentivo a produção literária. As pessoas precisam de boas leituras, pois, na minha opinião somos o que comemos, lemos, ouvimos, assistimos e o mundo precisa de gente sadia, esperta, gente bem resolvida, com acesso a informação, com opões de interação e intervenções fora do virtual, de pessoas com opiniões a dar, com esperança em mudanças.
Minhas contribuições não são do tamanho da necessidade de acesso e incentivo a leitura que a minha cidade precisa, mas foram feitas no tamanho exato de minha crença de que se cada um colaborar dá para melhorar.

Por olhos regados de nascente

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“Viver é nascer lentamente” li essa frase em algum lugar e gravei, mas não sei a autoria. Vou emendar ela em outra frase que recortei e nem sabia mais de onde: “Mesmo nossos fracassos são parte de nossos pertences”, salvei como sendo de Voo Noturno e lá voei eu para consultar com o parceirão Google que voo era esse (registro de surto gráfico para escrever voo, sem acento circunflexo). 
Eis que me situo e lembro que se trata de uma frase do autor de "O pequeno príncipe", em um outro livro dele chamado: Vôo noturno (lindamente com acento na época de sua publicação).
Já falei muito aqui do principezinho e de seus exemplos de sabedoria para qualquer faixa etária e hoje mais precisamente, desejo que como ele tiremos lições das nossas viagens e das pessoas que cruzam nossos caminhos, nascendo lentamente, enumerando conquistas e levando nossos fracassos entre nossos pertences.
Tenhamos como lindamente disse Manoel de Barros "olhos furados de nascente" e regados como sugere a ilustração de Alexandre Reis. Vou desejar ainda mais um pouquinho, afinal é sexta-feira, todos os santos me ouvem, todo mundo é baiano junto, as pessoas nas sextas-feiras ficam mais receptivas e o papa está geograficamente por perto. Desejo aos céus, ao mar, peço aos passarinhos para esse recado levar, peço a quem está me lendo que tenhamos não só os olhos, mas os ouvidos, a alma e o coração também furados de nascente. Que assim seja!

Transparência

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“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele
Por sua origem, ou sua religião
Para odiar as pessoas precisam aprender
E se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar"
Nelson Mandela
Recebi a sugestão de divulgar um livro sobre racismo por conta do encantamento de quem me indicou, de um relato de discriminação e da constatação de poucos personagens negros pop´s na literatura infantil.
Inspirada e fazendo de ponte o papa pop, sua passagem pelo Brasil,  suas práticas e crença no poder e valor da simplicidade, seus discursos e a metáfora de sairmos de trás do balcão, de puxar fila e não seguir, resolvi falar de transparência.
Há muitos estudos, trabalhos, discursos, foco em não haverem personagens infantis negros, mas o patinho feio é uma história clássica e famosa, onde a feiura não é uma característica do personagem, mas sim a diferença. Seus traços, trejeitos, o seu cabelo loiro o fazem ser tachado de diferente pelos que não são iguais a ele.  No patinho feio podemos considerar que estão os negros e tantos outros grupos e indivíduos.
E que tal focar na imagem universal e poderosa de uma personagem brasileira e universal, saída das águas como a alva Iemanjá ou Iara para as crianças, tão forte e tão poderosa quanto a mulher maravilha, a Nossa Senhora Aparecida, negra, com identidade cultural, santa e acima de preconceitos.
Sei que há mais personagens clássicos infantis brancos que negros e isso é parte da história, retrato de como tudo aconteceu e por conta disso há outras características, faltas, caricaturas nas obras que não contemplam a evolução atual e são as obras novas as responsáveis por evoluídas, virarem a página.
Acho que personagens negros precisam ser apresentados e vistos sem caracterização folclórica, sem apontamento para a cor da pele ou cabelo, como outros quaisquer. Releituras são interessantes, contudo, só de Brancas de neve negras conheço 3 títulos, dentre eles Branquinha de neve e Pretinha de carvão foi o que achei mais interessante, por criar uma nova personagem, com personalidade, referências e características próprias. É mais agregador ao meu ver, personagens com identidades pessoais, desvinculadas de esteriótipos, para as crianças negras se verem nas páginas do livro, seja nas palavras, seja nas imagens e crianças brancas verem crianças negras sem serem lembradas que são diferentes, com naturalidade.
Na minha opinião, um livro de racismo fala de racismo e é muito mais didático e agregador falar da cultura africana, de personalidades negras, heróis, lendas, valores morais e paralelo a leitura associar a teoria a prática. É preciso ainda músicas, danças, brinquedos de todo tipo, bonecas, bonecos, personagens de jogos de tabuleiro, ilustrações de todos as cores e também objetos como esculturas, quadros.
Em casos pontuais de algum incidente ou recorrência de episódios preconceituosos, seja a negros, autistas, baixinhos, gordinhas, em casa ou na escola, sendo estes espaços recheados como devem ser de imagens, palavras, objetos que fazem a cor de pele negra ser tão comum como a branca, vale usar um livro sobre racismo, bem como trabalhar o tema entre os educadores e com as famílias.
Penso como o grande Mandela bem descreveu, que uma criança não cria essas más impressões sozinha, ela vê coisas, ouve opiniões, comentários ácidos que a levam a formatar preconceitos, seja contra cor, peso, altura, hábitos. E essa erva daninha semeada vai da infância para a vida.
Quem teve na infância, deu para seus filhos, deu de presente, recomendou livros com personagens infantis negros? A hora é agora!
Não tem? Tem poucos? Não! Tem muitos e maravilhosos e devem ter mais, com mais divulgação e aquisição. Não acho porém que devam ser obrigados livros assim nas escolas, ter cotas de livros disso e daquilo, acho que esse é um movimento natural, é prática individual, ou de iniciativa das instituições de ensino e incentivo a leitura, que se enraíza e dissemina.
Segue lista de livros para serem comprados, indicados, popularizados e fica a sugestão para outros serem escritos, para que se produzam materiais (curtas, longas, peças, quadros, desenhos animados...) sobre os personagens das obras indicadas, para que a roda gire pra frente, pois é certo que águas passadas não movem moinhos.
A menina transparente de Elisa Lucinda

Pretinha de Neve de Rubem Filho
Na África tem neve?
Porque será que as personagens de contos de fadas não possuem nome próprio?

O pássaro da chuva de Monique Bermond
Antiga história que se passa em uma aldeia africana. Banium resolve apanhar e prender um pássaro da chuva, pois deseja ajudar sua comunidade. Com isso recebe uma valiosa lição e orientação dos mais velhos do seu vilarejo

Betina de Nilma Lino Gomes

O comedor de nuvens de Heloisa Pires

Kofi e o menino de fogo de Nei Lopes

O chamado de Sosu de Meshack Asare

Sosu é um garoto deficiente físico

Diante de um perigo para toda a comunidade ele precisa agir 

O que tem na panela, Jamela? de Niki Daly

Princesa Arabela: mimada que só ela de Milo Freeman

A árvore do Beto de Ruth Rocha

O cabelo de Lelê de Valéria Belém

Obax de André Neves

A cor da ternura de Geni Guimarães

Nzua e o arco-iris de Julio e Débora D'zambê

As tranças de Bintou de Sylvanie Diouf

Tanto, tanto  de Trish Cooke

Que mundo maravilhoso de Joe Cepeda Julius Lester
Um Deus negro é apresentado pelo autor  
Que reconta a seu modo a criação do mundo, com humor e poesia

A menina que bordava bilhetes de Lenice Gomes

Quando eu digo, digo de Lenice Gomes

Ana e Ana de Célia Cristina

Valentina de Márcio Vassallo

Tequinho: o menino do samba de Neusa Rodrigues e Alex Oliveira

O beijo da palavrinha de Mia Couto

Contos da Lua de Sunny

E para fechar: Meus Contos Africanos de Nelson Mandela

"As imagens que moram em nossas mentes desde a infância influenciam nossos pensamentos durante a vida e podem contribuir (se não forem estereotipadas, inferiorizadas) para a autoestima e aceitabilidade das diferenças visando uma vida adulta feliz. Para isso essas imagens precisam mostrar nossa “cara”, força e cultura de todos" (Sousa, 2002, p. 196).
Salve a miscigenação! Salve a paz entre os povos, raças, religiões! Salve o Papa Francisco! Nossa Senhora Aparecida! Zumbi dos palmares! Salve Mandela! Salve o Saci e o Negrinho do pastoreio! Salve as diferenças que completam, peças de quebra-cabeça que desiguais se encaixam. Ovelhas brancas e negras em um só rebando e vamos em frente, para o alto, infinito e além.

Indicações com boas intenções

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Estava eu andando pelo shopping, quando o letreiro da loja me fez olhar para trás e chegar mais um pouco para trás para ler tudinho pois o nome era grande: Quem disse Berenice? Sim esse nome todo era o nome da loja, achei muito pitoresco, uma loja com uma frase no nome e interrogativa ainda por cima. A loja é de maquiagem e o Google disse que é do grupo O Boticário. O porquê do nome? Não descobri (ainda). Já que estou fazendo merchan gratuito ilustrei a postagem com uma propaganda da Imaginarium (adoro) que achei super legal e legal também é uma outra loja onde comprei uma camiseta, Mitoé o nome da marca. Na minha camiseta tem escrito: "Pense fora da caixa" e lá ficaram muitas com frases de Drummond, Clarice, poesias, estampas de filmes, passarinhos, personagens e mitos. O ministério dos bons conselhos recomenda: fazer boas recomendações faz bem a saúde.
Por isso para completar o momento merchan, tem livro novo de Martha Medeiros saindo do forno. Aos leitores virtuais que comentam, compartilham, gostam de seus textos e sempre tem alguma relação pessoal e terapêutica com as suas crônicas, vale o investimento. Ter a leitura ao alcance das mãos, na estante, na cama, numa sala de espera, fila, vai um pouco além do contato apenas virtual com seus escritos, sem falar que adquirir o livro, a meu ver, é um reconhecimento ao trabalho  da escritora.
Eu já garanti o meu, reservei antes mesmo do dia do lançamento, me achando a fã. Alguém ou muitas pessoas podem dizer: - Essa mulher deve gastar a beça com livros! Não! na verdade não gasto muito, nem a metade do que desejo e gasto com lanches, transporte e outras necessidades e extravagâncias.
Tem também que não entende, julga, desaprova eu ficar fazendo divulgação de graça e na maioria das vezes, sem o conhecimento dos divulgados. Não quero reconhecimento, cartaz ou vitrine, se me derem também não recuso...muitos risos.
Eu acho que assim como tenho envolvimento na divulgação de livros, projetos, produtos de amigas e amigos e tenho das amigas e amigos nos meus, ter pessoas sem envolvimento pessoal por ai divulgando por iniciativa própria é legal, é um leva e trás. Ainda que haja todo um staff por trás de algo, o velho boca-a-boca é bem vindo.
De fato, minha intenção com a divulgação, seja de livros, filmes, exposições ou o que for, é de que as pessoas comprem mais livros, vejam filmes de qualidade, façam programas culturais e com isso se transformem, se inspirem, agreguem valores as suas realidades e ao mundo.
Voltando a Martha, seu novo livro se chama: A graça da coisa. Amei a capa preta e branca com um catavento colorido, amo cataventos e vou devorar cada crônica assim que der conta dos livrinhos que estão na fila de espera de minha leitura.
De aperitivo, pescado na internet,  segue trecho de uma das crônicas de uma escritora de apartamento, como eu, como muitas(os). Quem me dera uma casinha branca (azul também serve), um quintal, uma janela, uma rede, uma oliveira, uma amendoeira, uma laranjeira, passarinhos e grama verdinha com uma esteira em cima para eu escrever.
"Sou uma escritora de apartamento, digo com o mesmo tom pejorativo que classificamos crianças de apartamento. Deveríamos estar cercados por jardins, margens de rio, praias abertas, mas vivemos confinados entre quatro paredes que de certa forma aleijam a inspiração. Escrever, lógico, me oferece várias oportunidades de fuga. Estou onde estou, fisicamente, mas também não estou: invento meu próprio lago, pátio, horizonte. Até que volto a ser atingida pela consciência do inevitável: não é o barulho do mar que escuto, nem o das folhas caindo nesse final de outono, e sim o de betoneiras, perfuratrizes, compactadores, rolos compressores. De poético, me restou apenas a chuva. Quando chove, a obra para. Quando chove, o helicóptero some. Quando chove, o silêncio me pisca o olho: "Aproveita a trégua e me escuta". Martha Medeiros
Que tenhamos amor no coração, escutemos a chuva, o vai e vêm das nuvens, o espichar dos raios do sol, um sim tão esperado, o bater de asas de uma borboleta, o girar de um catavento, o bemol de um rouxinol.

Se´s

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Se tá cheio, se dilua
Se está no meio, conclua
Se quebrou, concerte
Se aborrecer, delete
Se desmoronou, reconstrua
Se é presente, viva
Se é passado, reviva
Se é futuro, evolua
Se tiver aborrecido, se distraia
Se estiver doente, se cuide
Se tiver angustiado, ore, medite, respire fundo
Se ganhar, distribua
Se perder, subtraia
Se nada acontece, abstraia
Se for demais, atenue
Se está feliz, assobie
Se há muita quietude, se agite
Se há muita agitação, apazigue
Se enxergar, repare
Se´s emprestados da canção Que me continua de Arnaldo Antunes
Com outros se´s mesclados
E para fechar mais uns se´s na rede pescados
"Poeme-se
Leminski-se
Drumonde-se
E que o mundo Quintane-se
Musique-se
Buarque-se
Lenine-se
E que o mundo Caetane-se"
E se o seu julho não foi bom
Põe foco, amor e gosto para fazer um bom agosto

A gosto

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"Um beija-flor pousa na árvore
Limpa o bico, estava lambuzado
Olhou pra mim
Som não emanou
Voou

Um pequenino barriga  amarela
Chega e apresenta-se
Fala tão rápido que nada entendo
Vai para o outro galho
Como que angustiado
Tenta mais uma vez
Desiste
Voou

Tudo silencia-se
A árvore está vazia
Folhas são mudas
Exceto quando vemos o sol
Refletido em verde
E sabemos quão são solidárias
Produzindo o combustível da vida"

Agosto de Todos os Santos é o título de um livro de poemas a ser publicado e por mim aqui já divulgado de antemão, de onde eu recortei esse trecho acima. O autor é meu cunhado mais conhecido como Adriano, de segundo nome: Augusto, tudo a ver com o mês de agosto, mês que o inspirou a escrever esses e outros versos sobre gostos, agosto, Salvador e todos os santos e encantos da Bahia.
Sempre tento, aqui e ali, desmitificar o que da energia de agosto muitos se põem a falar. Dentre a associação feita pelos infortúnios da época das grandes navegações, crendices e histórias diversas, inventadas e reais, destaco a constelação de estrelas em forma de dragão, que para muitos era sinal ruim a despontar no céu no início do segundo semestre do ano.
Thuban é um dos nomes da tal constelação de Dragão. Os Egípcios a chamavam de Tawaret, a deusa do céu norte, vista como uma deusa protetora cujo corpo era uma mistura de crocodilo, leoa e partes de hipopótamo.
Gosto de dragões, animal de meu signo no horóscopo chinês, imagem imponente e destemida, mística e docemente representada em animações e histórias infantis. Minha recomendação para o mês de agosto é domarmos nossos dragões exteriores e interiores, como em histórias épicas ou com a sabedoria e malemolência da infância.
Ao nosso gosto segue o nosso barco que não ruma para onde não se sabe querer ir. E que entre bons ventos e tempestades, nos caminhos que passam por nós e pelos caminhos que passarmos, tenhamos coragem, gaivotas, dragões, sol e lua a nos guiar para em terra firma a gente repousar, embaixo da sombra de uma árvore descansar, escrever, desenhar, filosofar, passarinhar.

Pão aos pedaços

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Desde o tempo em que ir comprar pão era sinônimo de ser grandinha e de aproveitar para bordejar, que o saco de pão chegava aberto lá em casa, com um pão beliscado (hábito bem apassarinhado), isso quando uma unidade não se fazia totalmente ausente no destino.
Hoje ainda tenho predileção por pães pegos com a mão do saco, sem lavar mesmo, para dar uma temperada, a caminho de casa, ou assim que o saco chega na cozinha. Se estiverem quentes então é melhor tirar da frente, se não de lasca em lasca como uns 3. Agora é a parte para estudos: de um único pão, colocado no prato, com manteiga e modos, não consigo muitas vezes dar conta.
Minha mãe e meu pai (que só estou chamando assim para ser mais formal, na oratória seria mainha e painho) sempre fizeram e até hoje fazem pãezinhos delícia, como chamamos aqui, pães macios, de massa leve e branquinha, com queijo ralado por cima. Eles fazem de lanche para lanchonetes e escolas e de festa, para aniversários e eventos. Os de festa, menorezinhos, eu digo e defendo veemente serem mais gostosos, sendo da mesma massa que os grandes. Minha mãe ri e meu pai não discute, já discutiu muito o pobre coitado comigo desde a infância quando eu teimava (ainda teimo) com o que tinha razão, com o que não tinha e com o que nem existe também.
Os pães delícia, que são mesmo uma delícia, quando crescem nas assadeiras e encostam uns nos outros, depois de assados ao serem destacados deixam uma pelinha em um dos grudados. Destacar e comer é o que faço de melhor em todo processo de aprontar eles (pincelar com manteiga, abrir com uma faquinha, colocar recheio dentro e virar de ponta cabeça numa tigela de queijo ralado).
Eu gosto de pão puro, com ovo, com sardinhas enlatadas dentro, cebola e azeite doce, com queijo e presunto, com requeijão, com ricota, rúcula e peito de peru, com salsicha e bastante molho, com patê, com tudo dentro, na chapa, pão integral, de leite, de milho, francês, de Minas, pão doce, pão de todo tipo, modelo e nacionalidade. Adoro comer figado frito com bem cebolas e pimentão e bastante pão para acompanhar e lambiscar o caldinho, amo sopa com pão e confesso que molho o pão com manteiga no café sem a menor finesse. Chega né! Deu até fome! Só para arrematar, pão aos pedaços é eleito por mim como o melhor tipo de pão existente, faça como eu e os passarinhos, experimente!

Previsão do tempo

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Tem duas previsões do tempo que confio piamente, uma aprendi no filme: O sol de cada manhã, adoro esse filme e nele as variações do tempo são definidas como sendo só ventos. A outra, válida para todos os dias e para qualquer país, estado, cidade, canto, beco ou ruela, é que ele não para. Eu hoje também não vou parar nessa postagem, após o meio dia tem mais. Passa na hora do almoço então e desde já desejo uma semana de bons ventos para todos.

Por mais perguntas

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Resolvi lançar uma campanha de destravação de línguas, um pedido de mais perguntas, um manifesto de rua, internético, local, mundial, interplanetário que vou inaugurar com uma coletânea, para uma questão que venho buscando respostas desde o dia 25 do mês passado, dia do escritor. Lá vai:
Porque não ouvi falar no jornal nacional, nem teve nenhum comercial, seja na tv, por e-mail ou jornal sobre esse dia? Podia ser mais um dos muitos incentivos ao consumo, esse eu até aprovaria.
Podia ser institucional, de algum partido político ou do governo federal, estadual, da prefeitura. Podia ser das grandes livrarias e editoras. Podia ser marketing das mil malas diretas que recebemos por e-mail. Eu que já fiz contato com muitas editoras, podia ter recebido um e-mail sugestivo para que eu passasse a ser a mais nova parceira, eu ia me achar e quem sabe não me rendesse. 
Grandes nomes podiam ter sido lembrados nos muitos programas que passa nos canais abertos e fechados nas quintas feiras. Nem minha amiga escritora Ana, que mora em Sampa, com quem troquei essa indagação,  nem eu aqui em terras baianas, não ouvimos falar na data, em nenhum lugar. Alguém ai ouviu? Alguém leu alguma coluna, crônica, nota de pesar de algum escritor sobre a desvalorização e desprezo ao dia?
Tanto os mortos que são os prediletos para especiais, quantos os vivos, tantos tão bons e muitos que vivem sabe Deus como da escrita (peço a Amado para se juntar a campanha e perguntar lá em cima a ele), merecedores de homenagem.
Seria uma ótima oportunidade para falar de números, em especial dos números sobre o livro de poesia do Paulo bigodudo poeta e brasileiríssimo na lista dos mais lidos. De propor um perfil evolutivo nos gostos e mentes, incentivar a leitura, prestar conta dos Planos municipais do livro e da leitura e quem sabe lançar um Plano de incentivo a escrita e a publicação.
Você que passou por aqui e leu sobre o dia, se sabia ou não sabia, deu parabéns a algum escritor? Conhecido, próximo, distante? Fez uma homenagem a algum que gosta, comprou um livro para comemorar o dia?
As respostas certas, não importam, o essencial é que as perguntas estejam certas, disse Quintana. Que não hajam respostas mas haja mudança, para mim já tá de bom tamanho. Espero então até o ano que vem, quem sabe, pela tv, rádio, jornal, por e-mail, torpedo ou rede social eu me alegre e surpreenda. Vou apostar na aposta de Leminsk: "Isso de a gente querer ser exatamente o que a gente é, ainda vai nos levar além". Amém!

Mill e mtas utilidades

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John Stuart Mill foi um pensador e filósofo do século XIX autor da teoria utilitarista, que defende que as ações são corretas na medida em que tendem a promover a felicidade, e incorretas na medida em que tendem a gerar o contrário da felicidade.
Que depois da explosão Mentos na geração Coca-cola, hajam laranjas espremidas, café coado, chá quentinho e busca diária de mudanças de hábitos individuais, participação cidadã e humana no coletivo, consciência na hora do voto, cobrança e vigilância dos mandos e desmandos dos órgão públicos e privados. Que o correto seja feito e que seja cobrado que façam as coisas corretamente e nos utilizemos das ferramentas a nossa disposição para maximizar o que é bom.
As reflexões utilitaristas, tem como tudo, críticas e contradições, mas é uma leitura obrigatória para quem se interessa por temas sociais, políticos, éticos e filosóficos. Em sociedades já tão "evoluídas", com tantas formas e facilidades de acesso a informação, ao conhecimento, tanta coisa já mastigada, tantas possibilidades, tanto para desfrutar, há ainda muito para corrigir e melhorar. Uma translúcida água gelada no aumento coletivo e desenfreado de requisitos, atitudes e pensamentos imorais é capaz de mudanças importantes. Vejo e ouço tanta coisa absurda que fico chocada. Para Mill uma sociedade que é um agregado de consciências autocentradas e independentes, cada qual buscando realizar seus desejos e impulsos é uma sociedade fadada ao caos. E é assim que vejo a sociedade em que vivo, acredito que os bons são maioria, mas vejo que é preciso mais união dos bons e mais ação também, os bons precisam ser realizadores, firmes em suas opiniões, contagiantes.
É preciso o despertar e a prática de valores virtuosos, o acesso e uso dos direitos essenciais, o convívio e intimidade com a cultura não como algo diferenciado, nobre, mas como algo popular, acessível, ao alcance.
O que está ao seu alcance? Quanto você pode ser útil? Seja, faça sua parte e vamos juntos mudar o mundo tão cheios de utilidades, pessoas, possibilidades mal aproveitadas.

Samaúmas, Carrancas, Tororó e Orixás

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Não! Não estou falando grego ou aramaico. Samaumas, Carrancas, Orixás e o Dique do Tororó são tesourinhos culturais, clica aqui para ver uma matéria exibida aqui na TV Bahia, que inspirou essa postagem e os escritos que seguem e que conta histórias e lendas, com imagens regadas pelo Rio São Francisco.
Como na matéria do link, as carrancas são muito bem apresentadas, vou prozear sobre as samaúmas e os orixás em roda, como que em oração reunidos em meio as águas e também espalhados em volta do Dique do Tororó, manancial natural da cidade de Salvador, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
A arte das esculturas de orixás que ficam no dique são de Tati Moreno e a religiosidade e cultura pulsante em cada uma delas são coisas da Bahia. O orixá da imagem que escolhi é Ossain ou Oxossi, associado aos santos católicos São Benedito e Santo Onofre. Ele é curandeiro, alquimista, químico, médico, boticário de poções de cura, equilíbrio, controle de sentimentos e emoções. É o senhor das folhas, usa um pilão, veste verde e tem um objeto de sete pontas, no qual, na ponta central, há um pássaro.
De folhas e aves, as árvores entendem bem. A grandiosa Samaúma ou Sumaúma é o nome usado para descrever a fibra obtida do frutos da Mafueira, também conhecida por Algodoeiro. A mafumeira é um símbolo sagrado na mitologia Maia e li por ai que em certos lugares ela atinge a altura monumental de setenta metros. Na Amazônia, onde se encontra em extinção, é o nome dado a cinco ilhas fluviais, dois lagos, duas cachoeiras e de um barco que faz ininterrupta comunicação, entre as famílias relacionadas às diversas samaúmas da extensa região. É tida como a rainha ou mãe da floresta por muitos e admirada tanto por sua altivez e beleza quanto por algumas singularidades, como o armazenamento de água em seu tronco e o destino dado a ela e propriedades medicinais pouco exploradas.  
O movimento das águas no seu interior produz ruídos, chamados de estrondos pelos caboclos, o som pode ser ouvido por toda a floresta. A fibra industrializada extraída da mafumeira é passaporte carimbado para sua extinção e para o enchimento de colchões, almofadas, coletes salva-vidas, isolantes térmico, dentre outros objetos. Suas raízes cobrem um raio de mais de trezentos metros tendo como centro o seu tronco e quando ela estronda libera a água do caule para o solo regando as plantas que estão ao seu alcance durante a estiagem e dando assim vida a elas e alimento a animais.
Um exemplo de grandiosidade e partilha de um ser "irracional", ensinamentos da natureza sobre dividir, armazenar, dar guarida e proteger os pequenos, promover e fazer parte da harmonia e parceria necessária para o bem individual e coletivo.

Poemas, filmes, mitos, retalhos

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Imagem da web
Não sei se o poeta do post de hoje poetizou sobre Robin Hood
Mas achei esse garoto um Robin and Peter Pan
Tudo a ver com as histórias cruzadas que vou contar
Avante leitores!

"Meia légua, meia légua, meia légua em frente
Todos no Vale da Morte cavalgaram com os seis centos

Para a frente a Brigada Ligeira
Carreguem contra as armas, disse ele
Para o Vale da Morte cavalgaram os seiscentos

Para a frente a Brigada Ligeira
Havia algum homem desanimado?
Todavia, o soldado não sabia
De algum que tivesse disparatado
Eles não têm de responder
Eles não têm de se perguntar
Eles só têm de fazer e de morrer
Para o Vale da Morte cavalgaram os seiscentos

Quando irá a sua glória desvanecer-se?
Oh! A carga bravia que eles fizeram
Todo o Mundo se maravilhou.
Honrem a carga que eles fizeram
Honrem a Brigada Ligeira
Nobres seiscentos"

Alfred Tennyson, foi um poeta inglês que escreveu a maioria de suas poesias baseado em temas clássicos e mitológicos. Uma das obras mais famosas de Tennyson é um conjunto de poemas narrativos baseados nas aventuras do Rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda (adoro essa história).
O poema acima: "A Carga da Brigada Ligeira", eu ouvi recitado e comentado no filme: Um sonho possível, que super, ultra, mega recomendo. A vinda do poema para cá foi a coincidência que achei fantástica, em ter visto esse filme e ao ser dito o nome do autor do poema eu ter a sensação de já ter ouvido aquele nome a pouco tempo. Anotei e eis que assistindo dias após pela milionésima vez, por gosto de meu marido, ao filme 007 Skyfall, que além da música sempre tento tirar algo de útil, como já cronicalizei aqui um dia, não imaginava achar a fonte da lembrança do nome do tal poeta em um poema dito pela chefona da organização de agentes secretos.  Segue a pérola: "Ainda que muito esteja perdido, muito nos resta; e ainda que perdida a força dos velhos dias que movia céus e terras; somos o que somos; uma coragem única nos corações heroicos, débeis pelo tempo e pelo destino, mas persistentes em lutar, achar, buscar e jamais render-se."
Voltando a brigada ligeira, foi desastroso o fim da cavalaria, dirigida por Lord Cardigan no decorrer da Batalha de Balaclava, em 25 de outubro de 1854 e nessa informação há mais um link. Assistindo a cada um dos filmes separadamente, antes do detalhe do poeta, associei cada um dos tais poemas, mental e verbalmente a meu marido e sua trajetória pessoal e profissional de vida. Ai, (adoro contar histórias com ai), quando resolvi pegar os retalhos de todas essas histórias para costurar, descobri que a batalha do poema famoso da brigada foi no dia e mês do aniversário dele. Me admirei com tantas peças soltas que se encaixaram e resolvi costurar e registrar escrevendo.

Flechas no arco e no alvo

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Eu disse ontem que gosto da história do Rei Arthur, dos Cavaleiros da Távola redonda e de Robin Hood. Tinha outra postagem programada para hoje, mas dei a vez a essa, pela continuidade do assunto, inspirada pela amiga Regina que em seu comentário falou das famosas Festas da Renascença que acontecem em vários países e meu filho e eu somos loucos para ir.
Eu gosto de festas a fantasia, de grande até agora só me fantasiei de bruxa para festas de Halloween de meu filho. Seria legal se festas a fantasia entrassem na moda, idealizo me fantasiar de tantas coisas: de baiana para reeditar a infância e porque amo a fantasia, de pirata, de espanhola, portuguesa, Emília e muitas outras indumentárias.
Deviam também ser abertos centros de esportes e entretenimentos com modalidades mundiais nas grandes cidades, ao invés de tanto bar e boate, podia ter espaços assim, ainda que fosse para a elite, com esgrima, arco e flecha, campo com marcação e traves para aquele jogo americano como o do filme de Harry Potter.
De Robin, além das roupas de época, cavalos e valores morais e sociais, gosto especialmente do arco e flecha, um outro desejo que tenho, fazer aulas de arqueiria, acho fantástico. No kinect do xbox de meu filho (leia-se: aparelho que fazemos movimento diante da tv e o tal game lê os movimentos),  no jogo de dardos sou a melhor dessas bandas e no de trás da porta do quarto de meu irmão e um que tinha na casa de um amigo, onde testei minhas habilidades, também não fiz feio não, arremessos secos, certeiros e muita satisfação em acertar. 
Vou aproveitar o assunto flechas e dardos e mirar num alvo comum por aqui: leitura. Tem quem tenha preconceito e restrições a livros de auto-ajuda, mas como em outras categorias, acho que há muita coisa boa a ser peneirada e lida. Já li alguns livros e sinopses de livros de Augusto Curry por exemplo e gostei de alguns. O livro Armadilhas da mente é a flecha da vez. Ao procurar para ver do que se trata, não me interessei mas fui flechada por uma homenagem que há no livro e que passa pelo lindo livro O Menino do dedo verde, Chaplin, o ano de meu nascimento e mais um nome, uma pessoa e sua história que gostei de conhecer, segue:
"Geraldo Jordão Pereira (1938-2008) começou sua carreira aos 17 anos, quando foi trabalhar com seu pai, o célebre editor José Olympio, publicando obras marcantes como O menino do dedo verde, de Maurice Druon, e Minha vida, de Charles Chaplin.
Em 1976, fundou a Editora Salamandra com o propósito de formar uma nova geração de leitores e acabou criando um dos catálogos infantis mais premiados do Brasil. Em 1992, fugindo de sua linha editorial, lançou Muitas vidas, muitos mestres, de Brian Weiss, livro que deu origem à Editora Sextante.
Fã de histórias de suspense, Geraldo descobriu O Código Da Vinci antes mesmo de ele ser lançado nos Estados Unidos. A aposta em ficção, que não era o foco da Sextante, foi certeira: o título se transformou em um dos maiores fenômenos editoriais de todos os tempos.
Mas não foi só aos livros que se dedicou. Com seu desejo de ajudar o próximo, Geraldo desenvolveu diversos projetos sociais que se tornaram sua grande paixão.
Com a missão de publicar histórias empolgantes, tornar os livros cada vez mais acessíveis e despertar o amor pela leitura, a Editora Arqueiro é uma homenagem a esta figura extraordinária, capaz de enxergar mais além, mirar nas coisas verdadeiramente importantes e não perder o idealismo e a esperança diante dos desafios e contratempos da vida."
Flechas no arco e mira nos alvos. Idealismo, esperança e coragem em nossa sexta e em nossas vidas.

Ver com amor

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"Ver com amor também é um jeito de prece " 
Ana Jácomo

Eu, meu velho e o mar

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Hoje, dia dos pais, vai ter duas postagens aqui, uma para meu pai e outra para o pai de meu filho. Sendo duas e sendo todos nós tão diferentes e tão iguais por esse mundaréu afora, há de ter semelhanças e identificações dos "meus" pais com os pais de quem, ou os pais que por aqui passarem, com as histórias que vou contar.
Já falei do lado padeiro, confeiteiro, concertador, apanhador e colecionador de desperdícios de meu pai. Mas ele ainda tem outro lado: marinheiro. Guillermo Benjamin Bautista Alconero, para mim é bem nome de capitão e ele ainda tem bigodes e barbas. Ele tem também um quê de pirata, mas como hoje é dia dos pais, vou deixar ele no comando do timão.
Ele veio para o Brasil pelo mar, gosta de histórias de navegação, de miniaturas de barcos e levava a gente (os filhos), para passear na Ribeira, bairro aqui de Salvador que é um atracadouro de embarcações de todo tipo.
Já desenhei muitos barcos para ele em cartões de aniversário e de dia dos pais e já dei a ele um livro de Amir Klink, que foi um dos poucos presentes que ganhou e não botou defeito. Falando em livros sempre vi entre os dele um tal de O velho e o mar, sei que é um título famoso, mas nunca me interessei por saber do que se tratava. Eis que vou pesquisar sobre Ernest Hemingway para trazer seu nome e escritos para cá e para minha surpresa e ignorância, é ele o autor do tal livro.
Para minha maior surpresa ainda o autor era norte americano e meu pai gostar de algo norte americano é quase como um roqueiro gostar de Chitãozinho e Xororó. Descobri com mais pesquisas que ele trabalhou como correspondente de guerra em Madrid durante a Guerra Civil Espanhola e entendi a simpatia.
"Mesmo quando estava entre a multidão, estava sempre sozinho" escreveu Hemingway e bem pode ter sido escrito em sua Moleskine, ele usava uma e eu pesquei ela pois bem podia essa frase ser dita sobre meu pai.
O velho e o mar, não li, pesquisei também e descobri que conta a história de um homem que convive com a solidão do alto-mar, com seus sonhos, pensamentos, perrengues, luta pela sobrevivência, teimosia e uma inabalável superação. Um fio atravessa a narrativa e prende na ponta da linha um peixe grande, como tem que ter em toda história de pescador. O tamanho do peixe não importa, o que se diz e me pareceu de fato é que Hemingway conta uma das mais belas histórias da literatura. Olha eu colocando mais um livro na minha lista, fiquem a vontade para pegar o mesmo barco.
Santiago é o nome do velho pescador e nas ilustrações que vi dele na internet, se parece com meu pai. Santiago, vale pontuar, é o nome do santo espanhol de devoção mundial e de grande representação cultural. O tal pescador não apanhava um único peixe e de portador de má sorte a mau pescador lhe faziam maus julgamentos.
Meu pai não fez grandes pescarias aos olhos dos grandes comerciantes, embora as tenha feito e ainda faça, pescarias, navegações, descobertas e em especial para nós fez de tudo para não faltar o pão de cada dia, ensinou muitos valores além do que compra o vil metal. Como Santiago Apóstolo e o Santiago da história, S. Guillermo possui têmpera de aço, acredita em si mesmo, e ainda que muitas vezes sozinho, enfrenta o alto mar da vida, com suas boas e más marés, munido da certeza e muitas vezes incerteza de que terá sucesso e eu sempre estive e estarei apostos, maruja, discípula, filha, fã.

Eu e meu marido pai

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Meu marido é um pai que teve pai por bem pouco tempo e bem menos do que merecia. Meu pai também é um pai que não teve pai e meu cunhado o mais recente pai da família, também perdeu seu pai quando ainda precisava muito dele. Algo em comum entre os três, comum a tantas pessoas e tão delicado, tão forte, tão longe de mim e tão perto através deles.
Lembro e tenho bilhetinhos e cartões que comprovam que na época de namoro eu fazia as vezes do filho que íamos ter desejando a meu marido, feliz dia dos pais, por já desejar ter um filho com ele e por tentar dar novo sentido e cor ao dia.
As apresentações, cartões e homenagens da escola de nosso filho sempre levaram ele a um mar de lágrimas. Hoje o homenageador, faz poucas declarações e firulas, por conta da insuportável adolescência e como ele talvez saiba, mas disfarce, o reconhecimento do valor e importância de ter um pai e mais ainda, de ter o pai que tem, eis-me aqui fazendo as vezes de filha que muitas vezes já fui, pois Sr. Paulo Couto já me deu muitas broncas, paitrocinou vontades e necessidades, passou a mão pela minha cabeça, me ensinou a dar batidinhas no skate, me levou para ver meu time no estádio, jogou até bola comigo.
Também tento as vezes ser pai para ele, tarefa difícil e ao mesmo tempo uma oportunidade de eu dar direcionamento ao meu lado menino, que além de gostar de futebol e apertar garrafas e latas com força de Thor, briga, da conselho, compra roupas da moda, incentiva a fazer esportes, a entender que a vida não deu a ale um pai que pudesse ajudar nas quedas e aplaudir as conquistas, mas deu muitos amigos, uma mãe lutadora, uma vida que aos trancos e barrancos é de se bater no peito e orgulhoso dizer, que é um vencedor.
Tenho um marido e pai pinguim, para quem não sabe os pinguins machos carregam as pedrinhas para o ninho dos bebês e são eles que tomam conta do ovo até eles chocarem. Todo pinguim é fiel e devoto a parceira escolhida por toda a vida (adoro essa parte). Para fechar com rima: os pinguins são considerados a espécie mais família do reino animal e meu marido e pai de Paulinho é como tal.

Sagrado é ser

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Valorizemos as igualdades que existem entre todos os seres humano e entre os seres vivos e respeitemos as diferenças. Honremos o dom sagrado da vida, da visão, da audição, da fala, do sorriso, dos luxos que temos como comuns e que muitos não tem. Enxerguemos a beleza além do aparente, o brilho do olhar, a doçura de um sorriso, a magia sagrada da pureza de uma criança, de uma flor, de um passarinho.
"Que honremos o fato de ter nascido e que saibamos desde cedo que não basta rezar um Pai Nosso para quitar as falhas que cometemos diariamente. Essa é uma forma preguiçosa de ser bom. 
O sagrado está na nossa essência e se manifesta em nossos atos de boa fé e generosidade, frutos de uma percepção profunda do universo, e não de ocasião. Se não estamos focados no bem, nossa aclamada religiosidade perde o sentido."
Por Martha Medeiros o que está entre as aspas, por mim ratificado, carimbado e selado como verdade absoluta e publicado para que sejamos pessoas de fé, tenhamos gratidão e ação, laços com as forças espirituais e comprometimento com fazer o bem, o certo, o justo, o possível e o impossível até.
Sagrado é ser e não ter, saber, ver, é sensorial, não está só além do céu, longe, fundo. O bom, o simples é sagrado, os milagres estão ao alcance de todos, na superfície, ao alcance do olhar, da palavra, de gestos e ações.
Amanhã, dia 13 de agosto, uma terça-feira dia da semana devotada a Santo Antônio é o dia escolhido para ser dedicado liturgicamente a uma senhorinha baiana e santa, Irmã Dulce, que passou a se chamar “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”, a data oficial de celebração de sua festa me fez lembrar do dia em que segurei em suas mãos quentinhas, enrugadas e carinhosas e de sua voz mansa agradecendo pelos remédios que fui levar com minha escola, pedidos em uma das provas de uma Gincana. Para mim uma honra, uma benção, uma história para contar. Semana e vida sagrada e abençoada a todos, com bem aventuranças, histórias, fé, sensibilidade e ação.

Googlices

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Ceta vez falei por aqui dos Doodles, imagens customizadas do nome Google, que aparecem ao acessarmos o amigão de todas as pesquisas e afins. Desde ontem vi uns gatos em meio a uma equação matemática e minha curiosidade não deixou passar em branco, lá fui eu saber do que se tratava.
É uma homenagem a um físico chamado Erwin Schrödinger, vencedor do prêmio Nobel de Física em 1933 e faz alusão a dois de seus principais feitos na física: a Equação de Schrödinger e o experimento conhecido como o Gato de Schrödinger.
Nascido em Viena, ele foi um teórico muito bem sucedido e a equação que lhe rendeu o Nobel de Física descreve a evolução temporal do estado quântico de um sistema físico, sendo conhecida também como “a segunda Lei de Newton” da Mecânica Quântica. O Gato de Schrödinger, por sua vez, é um experimento mental em que um gato é colocado em uma caixa lacrada com um frasco de veneno e um contador que detecta radiação. O contador pode ser ativado ou não, o que decide a vida do gato. No experimento, o animal é ligado a um martelo que caso seja acionado pelo contador, quebra o vidro e bau bau miau. Que horror!
Pesquisa feita não pude deixar de lembrar após a mistura de gatos e equação, de um imagem de um rabisco de caderno que circula na internet e que adoro. É a teoria do gato flutuante, cuja imagem é muito cheia de rabiscos e não daria para ver nem no tamanho máximo que da para eu publicar imagens aqui.
Segue então, a "pérola" sob minha narrativa: Reza a lei da natureza que gatos caem sempre de pé, ou seja, de barriga pra baixo. E reza a sabedoria popular que biscoitos e pães com manteiga, caem sempre com a manteiga virada para baixo.
Em pensamentos e esquema de alguma mente brilhante e provavelmente dispersa na aula de física, ocorreu o questionamento do que aconteceria a um gato com manteiga na barriga. Ficaria flutuando no ar, constata a ciência da imaginação. 
Culpa dos Doodles tal asneira vir parar aqui. Desculpo-me com Sr. Schrödinger em associar tal teoria as suas colaborações importantes a física, mas eu era bem dispersa na matéria e isso deve ter alguma relação com esse deslizinho com intuito inofensivo de descontrair o final de uma segunda-feira.

Palavrices

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Você sabe o que são sinais diacríticos? Não! Não são sinais críticos do fim do mundo. São os sinais gráficos que alteram o som das letras, como a cedilha e o trema, excluído pobrezinho, com a nova ortografia. O trema deve ter usado muitos símbolos como nos quadrinhos por tal barbárie: @#%$
O motivo da postagem foi eu achar que muitos não fazem ideia de que raio de símbolos são esses e fazer uso do espaço que tenho aqui para revelar descobertas e palavrices nossas de cada dia.
Falando em descobertas, vou contar uma bem pitoresca. No dicionário Houssain o último verbete é: zzz. Significado: som de mosquito ou de ronco. Que tal?
Falando em verbetes, o dicionário registra os vários sentidos que uma palavra pode ter e a esse conjunto de sentidos dá-se o nome de verbete. Você sabia?
Para fechar, como último ponto da estação Língua portuguesa, li em algum lugar e lembrei de um amigo que adora trilhos e trens, que a palavra piauiense é quase um assobio e sendo assim o apito do trem que vai para as bandas do nordeste sem mar, bem deveria assim soar: Piauiii!

Viva la revolución!

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O Papa Francisco disse que ouve dizer que casamento não tá na moda e que como está sempre na moda ser revolucionário e contestador, jovens e adultos devem revolucionar e casar e manter os casamentos por longos anos. Adorei a tirada e trouxe trechos de uma crônica de Arnaldo Jabor, que segue abaixo, para ratificar o pedido do papa.
"O segredo para manter um casamento por tanto tempo? Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário. Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue:
Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém aguenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade já estou em meu terceiro casamento – a única diferença é que casei três vezes com a mesma mulher. Minha esposa, se não me engano está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes que eu. O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher. 
O segredo no fundo é renovar o casamento e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal. De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, seduzir e ser seduzido. Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial?...
Faça de conta que você está de caso novo. Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a frequentar lugares novos e desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo, a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.
Vamos ser honestos: ninguém aguenta a mesma mulher ou o mesmo marido por trinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas...
Não existe essa tal “estabilidade do casamento” nem ela deveria ser almejada. O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos.
A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma “relação estável”, mas saber mudar junto. Todo cônjuge precisa evoluir, estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas que jamais teria pensado em fazer no inicio do casamento. Você faz isso constantemente no trabalho, porque não fazer na própria família?...
Como vê, não existe mágica, existe compromisso, comprometimento e trabalho e é isso que salva casamentos e famílias.”
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