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Diagnóstico

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"Quase fui médico
Cedo acreditei ter inclinação
Aconteceu, em menino
Frente aos compêndios escolares.
Fascinava-me no corpo humano
O vocabulário em flor
O suco gástrico, o bolo alimentar
O trânsito intestinal, as papilas gustativas
Ante o meu prematuro pasmo
A professora vaticinou: vai ser médico
Em casa, porém, meu pai diagnosticou diverso
Não era a anatomia que me atraía
Eu apenas amava as palavras
Meu pai adivinhava
E eu, de poesia, adoecia"
Do livro Tradutor de chuvas
De Mia Couto
Eu li esse diagnóstico e me vi nele, tive similares sintomas ao trabalhar na Faculdade de Medicina, meu primeiro emprego com carteira assinada, digitalizar toda história da Faculdade Bahiana de Medicina era minha tarefa e de meus colegas, após tudo passado para os computadores, nomes, notas, apostilas, relatórios de anamnese. O que havia nos tais relatos de nome tão peculiar e demais materiais didáticos, eu desconsiderava, me apegava nas palavras por mim desconhecidas. As sonoras, as arcaicas, termos formais das solicitações, memorandos, ofícios.
Eu me mantinha afastada dos laboratórios e salas de aulas práticas quanto podia, mas adorava prender no mural verde com tachinhas as notas das provas, avisos. Circulava alegre pelos corredores, sempre disposta a dar informações, ajudar alunos e professores e quando a muito já havia deixado de trabalhar lá, por algumas vezes pela rua alguém me olhava e dizia: Você estudou na Bahiana? Você fez medicina? Não! Trabalhei lá! Fiz Letras seria a resposta completa, de fato fiz na mesma época e lá fazia extensão nas letras da secretaria e do CPD, que era como se chamava o setor de informática: Centro de processamento de dados.
Fato é, que sou apaixonada por palavras, seja de Medicina, Engenharia, Direito, Educação Física, artes e todas as áreas. As pessoais, nacionais, regionais, estrangeiras, inventadas, algumas que amo porque vi num filme, li num livro ou em uma placa, as que em contextos diversos fazem parte de minha história, as que me põem pra cima, para frente e até algumas que me põem pra baixo, pois olhar pra baixo e viver nossas dores e as do mundo é importante eu acho. Como diz uma das reflexões do filme e livro pop: A culpa é das estrelas, a dor precisa ser sentida. Da mesma fonte é a palavrinha: Okay. Que diz muito, é palavra chave, palavra de amor, de cumplicidade. Vale assistir o filme para entender.
Sobre o meu gostar de palavras, eu já expliquei, resenhei, referenciei, ilustrei aqui  em crônicas, versos, prosas, que escrevo e digo nas entrelinhas, é para mim exercício, prazer, terapia, quem sabe um dia profissão, formei em Letras Vernáculas, então, em palavras, me orgulho dizer, tenho formação, embora não seja curso de pompa, não sou Doutora, mas Mia Couto, com a licença da comparação, me entende e representa.
Toda essa prosa, além do dito é para uma proposta de interação, minha e da Emilly, após trocas de figurinhas via blogs e e-mails (clica aqui para conhecer o blog dela). O desafio é a partir do dia 10, até o dia 20, cada amiga(o), vizinho, passante, publicar em seu Blog, um post com o tema: Uma palavra. Vale dizer porque escolheu a tal palavra, contar uma história, fazer um verso, contar o reverso da escolha, referências, publicar somente a palavra e uma imagem que a represente. A minha palavra vem pra cá dia 11. Mexe ai no seu vocabulário e tira uma palavra pra compartilhar.
Posta e traz o link ou leva pro Blog da Emilly e vai lá ver a palavra e as contações dela, uma nova vizinha blogueira que como eu, embora de idades bem diferentes, crentes somos, como a Márcia Duarte, autora da frase, que: "As vezes, por uma palavra lida, ou dita, tudo se transforma". Vumbora transformar o dia, o olhar, o sentir, quem sabe a vida de alguém? Com uma palavra. Okay?

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