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Ode ao adeus

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Pintura de Joan Miró
"A vida é um sopro", bem definiu o poeta arquiteto Oscar Niemeyer. E de sopro se foi na sexta passada, o mestre letrado e simpático João Ubaldo Ribeiro. No dia seguinte para o infinito e além, além do infinito que em vida foi, se foi o mestre Rubem Alves. Fiquei vazia de palavras, assim como o mundo literário ficou e dei um tempo de uma sexta a outra. Entre esse suspiro, e homenagem escrita e agendada, anteontem, Ariano Suassuna, estrela da terra e lonas dos circos foi para o firmamento.
Sexta-feira dia de todos os santos aqui na Bahia, de toda roupa ser branca, todo canto, conta, toda renda, como diz a canção e reza a tradição. Branca é para mim a cor do luto, cor da paz, que emana luz e todas as cores. Durante a semana, relembrei, reli, pesquisei os ditos e escritos dos três. Do que escrevi e transcrevi nas tantas postagens aqui, com citações, reverência, essência e adorno de Rubem Alves, separei algumas publicações, para quem já leu reler, quem não leu, ler, comentar, compartilhar, é só clicar aquiaquiaquiaqui e aqui.
Dar adeus a pessoas queridas, as de perto e as de longe, mas de dentro, varia no que tange as reações, sentimentos, processamento, de acordo a quem seja, a como estejamos e a tantos outros fatores que estão diretamente ligados a como lidamos com a morte. Publiquei no dia da partida dele em meu instagram e recortei para trazer para cá, o que segue: "Os mágicos conhecem o segredo, só porque não vemos uma coisa não significa que não está lá" e assim é com os que se vão  Não creio que morrer é não ser mais visto. Creio que enquanto formos lembrados, seja nosso nome, causos, seja quando alguém vê uma flor, um pássaro, uma cor, um doce que gostamos, estaremos vivos.
O doutor, professor, filosofo recheado de poesia, com cheirinho de passarinho molhado pousado em uma carregada jabuticabeira, vizinha a um ipê amarelo dourado em flor, disse o que segue e que encerra essa ode ao adeus, essa homenagem, esse sopro que ele foi e deixou e nunca vai se apagar: "A celebração de mais um ano de vida é a celebração de um desfazer, um tempo que deixou de ser, não mais existe. Fósforo que foi riscado. Nunca mais acenderá. Daí a profunda sabedoria do ritual de soprar as velas em festas de aniversário."

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