"Luz que alumia
Esse povo bom da Bahia
Nos livre das tempestades
Desse mundo
Dos raios dessa vida nos proteja
Dona das rosas vermelhas
Soberana divina
Que assim seja"
Nos livre das tempestades
Desse mundo
Dos raios dessa vida nos proteja
Dona das rosas vermelhas
Soberana divina
Que assim seja"
Trecho da canção Santa Bárbara
Na vermelha voz de Maria Bethânia
Hoje aqui na Bahia é uma data devotada a Santa Bárbara, a poderosa, destemida, guerreira orixá Iansã, Senhora dos ventos e tempestades. Por sintonia a data caiu no dia da semana em que se devota a ela, quarta-feira, dia de vestir vermelho.
Para saudar ela, alvorada de fogos no Pelourinho no raiar do dia, procissão, missas, oferendas e o tradicional caruru. Uma curiosidade é que no de Cosminho e Damião os quiabos são cortados em rodelas e cada rodela cortada em cruz, o caruru fica então bem miudinho. No caruru para Iansã os quiabos são cortados apenas em rodelas e só devem ser cortados por mulheres.
Meu avô dizia que só lembramos de Santa Bárbara quando trona, (troveja em espanhol), eu de ouvir, aprendi e rezo sempre para ela, em brisas, ventanias e quando troveja também, lembrando que não é só no dia dos estrondos que lembro dela.
Eu não tenho medo de muitas das coisas que a maioria das pessoas tem, mas quando ouço os estampidos vindos do céu e vejo os clarões e rasgos como fogo descendo do firmamento, saio de qualquer lugar aberto que eu esteja, fico longe de janelas, de espelhos, de telefones e eletrônicos em geral. Sinto medo com um que de respeito. Dia desses Gilberto Gil, meu conterrâneo e sentidor do mesmo mix de sentimentos, assim como minha vozinha que quando troveja lembra de mim, disse em uma entrevista em um depoimento sobre sua fé e crenças que ele reza como os antigos quando troveja, que sente que Deus está reclamando de algo, que a natureza está lembrando de seus poderes de bondade e de destruição e que temos que respeitá-la.
Respeito, devoção, sincretismo, caruru, coragem, força e plantações de brisas para colhermos vento, pois quem planta ventos, colhe tempestades bem diz o ditado.
Respeito, devoção, sincretismo, caruru, coragem, força e plantações de brisas para colhermos vento, pois quem planta ventos, colhe tempestades bem diz o ditado.