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Sacis, bruxas, doçuras e travessuras

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Ilustração de um "Saci Pererê" japa, do jornalista Dilai Aguiar

O dia 31 de Outubro é mundialmente conhecido como o dia das Bruxas ou Halloween, festa típica que acontece nos países anglo-saxônicos, com especial relevância nos Estados Unidos. Aqui no Brasil comemora-se na mesma data o dia do Saci, símbolo do folclore e personagem presente em muitas histórias populares, além das que protagoniza. Clica aqui e aqui para ver posts passados onde "falei" do danado.
A festa do dia das bruxas como tantas outras tradições americanas, é um das que gosto, fiz algumas para meu filho em sua infância e curti como uma criança. Na minha infância não tinha essas comemorações. De bruxas, como filha de espanhóis, tradição é a frase extraída do livro Dom Quixote de Miguel de Cervantes: "Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay".
O evento pop tem origem em celebrações e rituais de povos antigos e a palavra Halloween tem muitas histórias de origem, uma é de que no século V DC, na Irlanda Céltica, o verão oficialmente se concluía em 31 de outubro e hallowinas era o nome dado às guardiãs femininas do saber oculto das terras do norte (Escandinávia).
Outra é que originou-se de uma versão encurtada da All Hallows' Even, a Noite de Todos os Santos, uma data do calendário católico de onde advém a brincadeira dos "doces ou travessuras" originária de um costume europeu pelo 2 de novembro, o Dia de todas as almas, chamado aqui no brasil de Finados, no qual os cristãos iam de vila em vila pedindo os chamados bolos de alma (quadradinhos de pão com groselha). Para cada bolo que ganhasse, cada um devia fazer uma oração por um parente morto de quem desse. Acreditava-se que as almas permaneciam no limbo por um certo tempo após sua morte e que as orações ajudavam que fossem para o céu.
Na Espanha, por exemplo, o dia 31 de outubro coincide com a colheita de castanhas e das famosas, apetitosas e assustadoras abóboras e acontece por lá uma festa além do Halloeen, a “Castanhada”. E lá, assim como no Brasil, ainda se mantém antigas tradições no Dia dos finados, das almas, ou das pessoas santas como se chama em alguns lugares,  como a reverência aos mortos, indo aos cemitérios para limpar os jazigos, "conversar" com as almas, rezar, levar flores.
O poder do marketing americano cuida de universalizar esta festa para proporcionar benefícios econômicos em vários setores, como em parques temáticos, livros, cinema e até na gastronomia e tanto aqui como na Espanha e em diversos lugares do mundo,  as festas de aniversário, escolas de idiomas, escolas de todas as faixas etárias e o comércio em geral enfeitam-se com as cores e os símbolos clássicos da data.
Curiosidades coloridas e uma sacizice para fechar a postagem: Laranja é a cor da vitalidade e da energia que gera força e os druidas acreditavam que nesta noite, passagem para o Ano novo Celta, espíritos de outros planos transmitiam boas energias através da cor. O preto é uma cor tida como gótica e cor sacerdotal das vestes de muitos magos, bruxas, feiticeiras. O roxo e o lilás são cores tidas como espirituais, cor da magia ritualística. Uma pena a pouca popularização e uso da imagem e da história do Saci, além do dia do Folclore, a reverência e presença dele em seu dia que é hoje, as escolas, no comércio. Ele não se faz de rogado de ficar ao lado de bruxas e abóboras. O uso de cachimbo e maus exemplos como justificativa não vou nem enumerar como prerrogativa. Valorização da cultura nacional, raízes, com direito a misturas. Globalizar não é adotar o que vem de fora empacotado, é associar, misturar, chupar cana e assoviar, ter uma perna só e mil braços para abraçar o que for bom de se agregar. Cores, doces, culturas e travessuras para hoje e para todos os dias!

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