Em um papel ofício dobrado e amassadinho vindo lá das terras portuguesas, mais precisamente da Fundação José Saramago, pelas mãos de meu irmão amado (para puxar o saco e não perder a rima), palavras de José e sobre ele, entregues na exposição permanente que há lá Fundação, chamada: A semente e os frutos.
Lembrei dos tempos de Faculdade, fiz o curso de Letras Vernáculas e havia uma matéria chamada Metodologia científica, que deveria ensinar sobre métodos de estudo e pesquisa, mas o professor dava umas viajadas além do conteúdo curricular. Lembro que em um de seus dias de inspiração ele discursou sobre sermos o que semeamos, sobre uma semente de macieira gerar invariavelmente maçãs. Simples e filosófico assim! Para se pensar e praticar.
Voltando a Saramago, das primeiras linhas do tal papel, que vou espremer como laranja cheia de sumo, separei um trechinho para trazer para cá:
"Vivemos ao lado de tudo que é negativo como se não tivesse importância, a banalização do horror, a banalização da violência, da morte, sobretudo se for a morte dos outros, claro. Tanto nos faz que esteja a morrer gente em Sarajevo. E enquanto a consciência das pessoas não despertar isso continuará igual. Porque muito do que se faz, faz-se para nos manter a todos na abulia, na carência de vontade, para diminuir a nossa capacidade de intervenção cívica". Palavras dele uma entrevista em 20 de fevereiro de 1994. A 19 anos atrás e tão atual, lamentável.
Tanto nós como o mundo em que vivemos é o que plantamos. E depois de pesquisar sobre a Fundação e andarilhar pelas terras, plantações, sementes e frutos desse autor que adoro, descobrir um ingrediente a mais no meu gostar dele. Amo azeitonas e Saramago amava oliveiras. Descobri que ele plantou em sua casa uma oliveira trazida de Azinhaga, sua terra natal, equilibrada entre as pernas no avião. Aterrizou sã e salva a viajante e ele cuidou para que ela se adaptasse ao forte vento e o solo rochoso da ilha.
Tanto nós como o mundo em que vivemos é o que plantamos. E depois de pesquisar sobre a Fundação e andarilhar pelas terras, plantações, sementes e frutos desse autor que adoro, descobrir um ingrediente a mais no meu gostar dele. Amo azeitonas e Saramago amava oliveiras. Descobri que ele plantou em sua casa uma oliveira trazida de Azinhaga, sua terra natal, equilibrada entre as pernas no avião. Aterrizou sã e salva a viajante e ele cuidou para que ela se adaptasse ao forte vento e o solo rochoso da ilha.
Numa cerimônia no primeiro ano de sua morte foi plantada em Lanzarote uma oliveira centenária transplantada de Azinhaga e ali foram colocadas suas cinzas. No local diante da Casa dos Bicos, sede da Fundação José Saramago, há um banco de jardim em pedra e a gravação em mármore que faz as vezes de lápide, com uma expressão do seu livro Memorial do Convento: “Não subiu para as estrelas se à terra pertencia".
A relação entre ele e a árvore foi eternizada e esse ano poeticamente reforçada com a plantação de uma oliveira de aço de cinco metros de altura em homenagem a ele, no mesmo local. As iniciais do seu nome compõe a escultura, um J no tronco e muitos S em suas copa.
Semeada a minha vontade de ir lá ver de perto, histórias Saramaguianas contadas, o recado de plantar para colher dado, deixo para finalizar meu desejo de uma frutífera semana a todos.