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Channel: Meu Blog e Eu
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Pronto falei!

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Lá vou eu me meter em polêmicas, afinal não sou só dos obas e olás. Sem citar diretamente autores e obras, tá meio que me irritando livrinhos vendidos a rodo, histeria nas livrarias e todo um universo fanático e fantástico de muito do mesmo. Temáticas iguais e muitas delas com entrelinhas de feminismo, machismo, morte aos clássicos, modernidade goela abaixo. Princesa independente, que danem-se os príncipes, nada de vestidos rodados, tops e gargantilhas ou nada feito. Títulos com nomes de contos de fadas, referências de contos de fadas e uma mistura de fadas com bruxas, mocinhos com vilões, lições (bem poucas) e desvios de condutas (muitos). Puxado e nocivo sendo que uma geração inteira está lendo sem a devida atenção dos pais, sendo que muitos leem junto e não questionam nada.
Sei lá, eu sou do cada coisa em seu lugar sabe. Quem vai a um show de pop star vai pra ouvir e dar gritos, quem vai a uma livraria ou a uma feira literária é de se esperar outro tipo de comportamentos. Um senhor de idade, uma criança, eu (risos) indo comprar um livro, procurar, sentar para ler equanto espera o horário do cinema, não somos obrigados a ver pessoas desmaiando, gritos, corre-corre porque uma escritora está dando autógrafos. Modos minha gente! Menos minha gente!
Tem quem nem leia meeeesmo os tais livros, são objetos, são dos memes e ter o livro parte da vibe. Tem muitos livros que não dizem nada, são mal escritos, tem os bem escritos também que dizem o que se quer ouvir na adolescência, mas não é o que se deve ouvir, para continuarem lendo, ouvindo, falando e fazendo tudo errado. Faixa etária vale pontuar parece saiu de moda, meninas pequenas lendo histórias de gente grande, categorizada como para gente média.  Princesas em treinamento, em crise, a qualquer preço, idade, viciada e antenada na Netflix e eletrônicos ao invés de sapatos e bolsas que são femininos demais (qual o problema Channel, diz alguma coisa daí por favor). Branca de neve beijando e despertando a Bela Adormecida (pela Editora Rocco, com muitos elogios). E nessa, uma ode a meninas não brincarem mais de boneca e casinha, príncipes no pano de fundo, quando no fundo cada dia mais se vive em disparada atrás de um, disfarçando como se ninguém percebesse. Mensagens de autorrealização, de individualismo, segue uma frase de uma descrição da tal série (pela própria autora) que recortei de por ai e que  inspirou esse post (sempre quis dizer isso) para não parecer que é interpretação minha da obra, é intenção mesmo: “Supera a utopia do felizes para sempre”.
Cartilhas, em pele de romances, provocadores e condutores de condutas em pele de livros,  para jovens, que já bem confusos e contestadores de tudo que são, vão na onda. Eu dou carona e estio a bandeira contra a nova literatura pop. Pronto falei! E para fazer coro, trouxe a voz de quem falou muito do que penso, em entrevista sobre o tema na FLICA que aconteceu aqui em Cachoeira na Bahia, que eu podia ir no último dia, mas desisti, pela muvuca que ia tá lá por conta de ser o dia de escritoras pop star.
"A maioria dos livros que você vê nas livrarias somente te distraem, não te fazem mover um centímetro. Lá no fundo da livraria, há os livros das pessoas atormentadas, a literatura de verdade, que me fazem questionar quem sou, meu papel na sociedade, os valores, tudo.”
"A inutilidade da arte é o que tem de mais maravilhoso. As pessoas me odeiam por dizer isso. Mas, por causa dessa inutilidade, nós conseguimos expandir nossa compreensão da existência nesse planeta. Quero acreditar que o que faço é inútil. Ninguém está me pedindo para escrever um romance, nem estou pedindo para ninguém ler. Escrevo meus livros porque preciso ler um livro que não existe."
Palavras do escritor João Paulo Cuenca, que emendo com as de Manoel de Barros, que não tem fama pop, não teve gritos, feliz por ele e como ele desejo mais meninas, meninos, crianças e adultos com menos certezas, empáfias, menos “autonomias” e mais empatia, que sejamos mais alegres e tristes, livres mais por dentro que por fora. “O ideal seria uma menina boba: que gostasse de ver folha cair de tarde. Que só pensasse coisas leves que nem existem na terra e ficasse assustada quando ao cair da noite um homem lhe dissesse palavras misteriosas. O ideal seria uma criança sem dono, que aparecesse como nuvem. Que não tivesse destino, nem nome, senão que um sorriso triste e que nesse sorriso estivessem encerrados toda a timidez e todo o espanto das crianças que não têm rumo.” (Manoel de Barros)

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