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Das amizades

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“Na convivência próxima com adolescentes, tenho ouvido com frequência a expressão ‘melhor amiga’. Interessante observar quanto são voláteis as relações: a melhor de semana passada já não é mais a de hoje, e assim, vão se trocando conforme as circunstâncias, o local, as motivações e os programas. E tal inconstância não é um fenômeno atual. Na minha infância e juventude variava de melhor amiga conforme o momento, o ano na escola, o esporte da hora, a gincana, o namorado em questão. Porém, há aquelas que foram marcantes, que até conseguiram atravessar o tempo e os reveses, mas, por fim, ficaram pelo caminho.
Rumos opostos e diferentes opções de vida nos separaram para sempre ou temporariamente: casamentos, filhos, viagens, carreiras, mudança pra longe, doenças, morte.”
Quem escreveu isso foi a jornalista, cronista e autora dos livros 'Depois da Chuva, o recomeço' e 'Do lado esquerdo do peito', Giovana Damasceno, que depois desse trecho fala por alto de duas amigas e arremata: “Como a internet e as redes sociais não nos permitem perder ninguém - ou quase - ao escrever esta crônica pensei em procurar por elas. Encontrei duas: com uma bati um longo papo; a outra, apenas aceitou minha solicitação de amizade e ficou nisso.”
Trouxe para cá esse texto pelo dia de ontem, dia do amigo e com ele e o dia-a-dia a observação de o conceito e prática da amizade estar mudando muito, de como esse relacionamento tão cheio de possibilidades. tem se tornado vazio, frágil, mecânico. Desde a infância na falta de interação real, do ir pra rua, descer para brincar, passando pela adolescência que com suas esquisitices precisa de intensidade,do contato físico e sentimental das amizades pra ser uma fase de pontes e não de muros. Até adultos e idosos, com experiências vividas, as tem deixado adormecidas por preguiça, modismo, medos, preconceitos.
Quero aproveitar, para observar e perguntar se é de agora ou de sempre e se é só meu o sentimento de que alguns amigos tornaram-se estranhos com o passar o tempo, uns tornam-se ausentes de repente, outros nas redes sociais falam de coisas que não sabemos e como amigos nos parece estranho não sabermos, postam fotos, fazem comentários, tem um tipo de máscaras usada só ali no virtual.
Eu, com essas e outras variações de comportamentos, tenho feito releituras de muita gente, reclassificado e venho utilizando uma reflexão do livro: Através do espelho, de Jostein Gaarder, que diz: “Nós enxergamos tudo num espelho, obscuramente. Às vezes conseguimos espiar através do espelho e ter uma visão de como são as coisas do outro lado. Se conseguíssemos polir mais esse espelho, veríamos muito mais coisas. Porém não enxergaríamos mais a nós mesmos".
E nessa, tenho cuidado de meu jardim, deixando cada um a vontade e preferindo deixar pessoas do passado no passado, preservado a memória afetiva, entendendo que tem gente com época e papéis específicos e limitados, certa de que quantidade não é qualidade e de que amizade é coisa séria, amor também e nas beiradas do amar a amizade é importante e indispensável.
Amigos e amores para mim são pessoas das horas alegres e tristes. Nas tristezas poucos são presentes, reza a sabedoria popular, mas aprendi outro dia, que quem não é amigo, também não é das alegrias, porque alegria incomoda, gera competição, ciúmes, inveja em que é só de seguir, curtir e compartilhar. Fica a dica!

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