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Que coisa!

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Uma garotinha hoje já mulher, da parte de minha família que vive na Espanha, esteve aqui no Brasil e ao voltar para lá, perguntou para mãe o que eram coisas e negócios. Motivo: dentre meia duzia de coisas que falamos, pelo menos uma das palavras, aqui em terras baianas, é coisa ou negócio. Usamos para diversos fins, começos e meios. Uma coisa impressionante!
Dia desses recebi por e-mail uma explicação bem detalhada do assunto, que veio sem a autoria, mas cheia de coisas muito interessantes.
Segue abaixo um compacto. Para a coisa ficar ainda mais legal e sintônica, meu irmão mandou para mim por e-mail, quase no apagar das luzes da publicação desse post o link de um site, uma dica, uma coisa maravilhosa, cheia de coisas interessante criativas, uma ideia,  uma proposta, uma coisa genial, tanto a loja e seus produtos, quanto a sintonia dele mandar e coisa ser o tema que eu ia publicar. Coisárioé o nome do site, vão lá conhecer.
Ainda tem uma coisa, que é meu bem querer por palavras inventadas, me apaixonei de cara pela criativa e múltipla palavrinha coisário. Sinto que vou conjugar e derivar a palavra coisa e fazê-la circular em minha boca, meus escritos  e pensamentos como sopro em dente de leão em coisadas, coisices, coisações...

"A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia. Coisas do português.
"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça". A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. 

"Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas. 
        
Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Sílvio Santos (que é coisa nossa).

Coisa de cinema! "A Coisa" virou nome de filme de Hollywood, que tinha o "seu Coisa" no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".
         
Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira "coisíssima". Mas a "coisa" tem história na MPB. No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré: "Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar", e A Banda, de Chico Buarque: "Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor". Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: "Coisa linda / Coisa que eu adoro".
        
Cheio das coisas. As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquecem, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas. 
        
Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade, afinal: "são tantas coisinhas miúdas". 

"Todas as Coisas e Eu" é título de CD de Gal. "Esse papo já tá qualquer coisa...Já qualquer  coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida é uma citação da música "Qualquer Coisa", de Caetano, que canta também: "Alguma coisa está fora da ordem."
         
Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. 

O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa. 

Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.        
     
Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema "Eu, Etiqueta", Drummond radicaliza: "Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente." E, no verso do poeta, "coisa" vira "cousa".

Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más."

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