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Do comer, rezar e amar

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O tema proposto para BC de hoje, de uma série que começou no sábado passado, em parceria com minha com Ana, é comida. Ai, resolvi não falar de nenhum prato típico baiano, nem das minhas raízes espanholas, nem de comida italiana, oriental ou árabe que adoro. Também não vou falar de minha irrestrita tolerância e bem querência por leite, pão, calorias e carboidratos, nem da intolerância alheia. Não vou fazer um chamado para boa alimentação que para mim vale a seleção tanto quanto como o que ouvimos, assistimos, acreditamos e assim tudo que nos faz bem ou mal, que como sal, nem muito, nem pouco, é o ideal. 
E sobre o que vou falar dentro do tema comida? Sobre: dividir e multiplicar. Tudo a ver com o época junina e o meu ser nordestina. É que nos interiores aqui é tradição nas noites de São João as pessoas irem de porta em porta perguntando: São João passou por aqui? E assim em cada casa, todos entramam e comem alguma coisa, levam  alguma coisa pra casa, passam deixando também, em prato descartável ou na vasilha mais bonita que tem em casa, coberta com pano bordado e rendado, coisas fresquinhas: canjica, bolos, amendoim, pamonha, lelê, milho cozido ou assado na fogueira, quentão, licor, tudo caprichado no sabor e no amor.
A história do dividir e multiplicar que acabei de ilustrar com o contar do hábito da gente simples aqui dos sertões e redondezas, servi de prato do dia, para fazer refletir de sobremesa sobre um contar do compadre Mário Sérgio Cortella, em uma de suas muitas palestras e entrevistas que já assisti, algumas repetidas vezes, como comida que a gente gosta. Ele fala do hábito, cada dia mais raro, de as famílias ou grupos de amigos marcarem de se encontrar na casa de um e de outro, em datas festivas ou em dias de domingo e o combinado ser cada um levar um prato, uma colaboração, um prato principal ou acompanhamento, lanche, sobremesa. E assim cada um levando uma coisa o gasto não fica para uma pessoa só, os sabores e temperos são variados, a fartura é certa e o mais interessante de tudo é que cada um só leva um pouquinho e cada um levava pra casa sempre muito mais que levou. Multiplicação então, e para próxima Blogagem Coletiva o tema é: Saudade, vai ser no dia 04 de julho ( a cada primeiro sábado de cada mês).
Quero ver geral dividindo as suas saudades e nessa magia da partilha dos alimentos e dos sentimentos, do confraternizar, encerro com a sugestão de reza antes das refeições, em qualquer credo, agradecendo e pedindo que não nos falte o pão de cada dia, tipo papo sem formalidades com o divino, ou com formalidades e rituais, em silêncio ou em voz alta. Creio e sempre digo que gratidão é uma forma de oração e assim sendo, vale agradecer por termos o que comer, com quem dividir, quem divida conosco. Tenhamos também e prazer nos preparos, na escola de onde ir almoçar quando for da vontade ou necessidade almoçar fora, prazer ao ao comer, cada um com seu gosto, minimizando as noias, sem desperdícios, com etiqueta ou no modo comer de mão, tudo temperado de emoções, sensações, provar, comer sempre o mesmo prato, alimentar a memória afetiva dos alimentos, saber o prato predileto, a sobremesa preferida de quem amamos, tudo junto e misturado, salpicado de fartura e ternura. Tim! Tim!

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