Quantcast
Channel: Meu Blog e Eu
Viewing all articles
Browse latest Browse all 957

Na lousa do tempo

$
0
0
A saudade em suas mais variadas formas e significados é sentimento comum em mim, as vezes com suspiros de contentamento, as vezes com pesar, porque de pesares também são os pilares que nos mantém em pé e que nos fazem seguir. Acredito e ouvi esses dias em algum lugar, ou li, que tanto nossas limitações quanto nossos talentos é quem somos, sem um ou outro se sobrepor, ter menor ou maior importância, o bom convívio e desafio diário de aproveitamento de nossas virtudes e defeitos é coisa da maturidade, do equilíbrio interior que muitos se furtam de buscar, vivendo uma perfeição inventada, uma felicidade forçada, um abafar de defeitos, tristezinhas e limites.
Enfim, retomando aos recordares e saudades, o sentimento da presença na ausência está no calendário (em datas especiais), em objetos, cheiros, histórias, fotografias e essa relação que a saudade tem com as fotos foi objeto de uma exposição que eu trouxe hoje para cá. Pra aplaudir, para resenhar, para registrar que quero venha para Salvador.
Com curadoria de Diógenes Moura, a mostra: A Arte da Lembrança - A Saudade na Fotografia Brasileira, ficou em Exposição no Espaço Cultural Itaú em Sampa, no início do ano e foi considerada uma viagem por meio de registros que englobam temas diversos e universais, objetos de uso pessoal à mercê do tempo, da poeira, móveis, locais públicos e privados e suas marcas na tinta gasta, nas demolições, cenários que remetem a um passado de glória, a ausência de um ente querido, entre outras imagens congeladas no tempo.
Ai, eis que rascunhando essa resenha, li uma matéria que diz que quadros negros do século passado foram encontrados durante uma manutenção em Oklahoma. Cronogramas, tabuadas em forma de roleta (novidade para mim), lições de literatura e música são alguns dos conteúdos das aulas do início do século passado perfeitamente visíveis e vivas nas lousas rabiscadas por professores e alunos. E diante de meu encantamento, um de muitos comentários para tal notícia era que idotice, que utilidade tem isso. Pobres insensíveis! Vou dar a palavra a uma atemporal sumidade. “Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.” Carlos Drummond de Andrade

Viewing all articles
Browse latest Browse all 957