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Do estender histórias

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Falei dessa foto dia desses aqui e prometi trazer para cá
Meu irmão que tirou numa ida ao cemitério
Dei a ela o nome de: Das cenas além do cenário
Os extras, bordas, parênteses, do tipo as histórias com e dos parentes, personalidades, locais anônimos, passado além do presente, penso são fonte de conhecimento, curiosidades, adornos de pessoas e lugares. Tem tanta gente famosa, por exemplo, que tem um irmão, pai ou mãe com histórias tão legais que não sabemos e não temos curiosidade de procurar saber, eu tenho umas tiradas de querer saber essas coisas, tipo depois de ver tal filme, ler um livro. Ou quando gosto de um ator, cantor, dou uma fuçada nas histórias além das contadas.
Isso vale para as pessoas e lugares que conhecemos. Outro dia, por exemplo, num papo qualquer soube do pai de um amigo que ele costurava quando menino, que vendia as carambolas que catava no quintal e com o dinheiro comprava tecido na feira para fazer suas roupas, além de saber dele guardar os pincéis do amigo compadre pintor que partiu, com apreço, mostrar e falar deles com o coração. Esse tio, fala besteiras e há  sabedoria em algumas delas, fuma e isso me incomoda muito e digo sempre a ele e saber desse pedacinho de seu passado colocou um enfeite a mais nele para mim, sem falar de mais um assunto, um viés para explicações e comparações.
Conhecer o outro, suas histórias, os lugares e suas histórias, faz pontes, cria referências. Fico pensando o quanto filhos não sabem dos pais, dos avós e vice-versa, por não haver curiosidade de perguntar, por não sair dos papos comuns. E assim acontece com amigos, marido e mulher. Falando em casal, vi um livro que botei na lista e tão logo tirei. É um livro, tipo de anotações, para o par fazer e assim saber quanto se conhecem e assim se conhecerem mais (ótima proposta). Ai, foliando na livraria, dei um sorrisinho de canto de boca, que dizia eu e Paulo preenchemos fácil, sei tudo e ele também do que pergunta e mais ainda e já fizemos tanto mais do que sugere ali. Temos registrada em fotos, cartas, bilhetes e agenda nossas histórias, papeamos sobre tudo de mim e dele, lugares, pessoas, do porque, quando, onde.
Incentivada a um tempo atrás por uma psicóloga fiz perguntinhas a  meu pai sobre o passado dele,  e isso para mim virou hábito, as vezes a pergunta não é direta, as vezes a resposta também  não e as vezes vem com brinde. Soube outro dia de uma tesoura que sempre esteve lá por casa, usei, perdemos e achamos, levei para escola provavelmente, cortamos de papel a tecido e latas com ela, que foi da mãe dele, mãe ausente na vida dele, na minha por completo (viveu e morreu na Espanha), que sei histórias recortadas e esse citar da tesoura ser dela e ele ter guardado e usar e ter falado, com um bem querer velado, foi um recorte que guardarei.
Quem já fez seções de análise, se não percebeu, é fato, que quem cerca quem vai, também vai ao divã e essa talvez seja a maior magia da coisa. Como disse Fernanda Torres numa entrevista que falava da vida e do quanto ela tem um rumo e um prumo aos 50 anos, a vida é um transatlântico não se move como uma chave, cada movimento faz toda a coisa virar um pouco depois do movimento dado.
Para novos olhares, sombras e luz sob os outros, sobre lugares, objetos, valendo, treinando, praticando o observar, o escutar além de ouvir, perguntar sem invadir, papear, garimpar, semear, adubar, fazer nascerem flores, brotarem frutos nos outros e em nós.

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