Não se mede com fita métrica
Nem com balanças nem barômetros
A importância de uma coisa
Há que ser medida pelo encantamento
Que a coisa produza em nós”
Um coisa me causou imedível encantamento, misturado com gratidão, satisfação e emoção. Veio em um envelope pardo com letra desenhada, cheirinho de passarinho molhado e o carinho de Ana, Julia e Bernardo. Meu primeiro livro de Manoel de Barros, que se chama: Escritos em verbal de ave.
Quem ai já pegou um passarinho na mão? Eu já peguei vários e foi assim que senti o lindo livrinho laranja com traços azuis cintilantes, amarrado com corda de sisal em minhas mãos.
Na cartinha que o acompanhava, a cereja do bolo, palavras, carinho e amizade com as assinaturas de próprio punho de cada um. Como adorei! Imaginei o momento em que as crianças assinaram, li o que veio escrito por senhora mamãe, literalmente e nas entrelinhas, reparei as letrinhas e traçado do nome de cada um. Estou como a ilustração, flutuante em dentes de leão e encantada.
Na pontinha do papel da cartinha, um selo dos correios, de um pipoqueiro, para uma vindoura Rota de pipocas, já com muitas histórias para contar sem nem mesmo ter acontecido.
Na cartinha que o acompanhava, a cereja do bolo, palavras, carinho e amizade com as assinaturas de próprio punho de cada um. Como adorei! Imaginei o momento em que as crianças assinaram, li o que veio escrito por senhora mamãe, literalmente e nas entrelinhas, reparei as letrinhas e traçado do nome de cada um. Estou como a ilustração, flutuante em dentes de leão e encantada.
Na pontinha do papel da cartinha, um selo dos correios, de um pipoqueiro, para uma vindoura Rota de pipocas, já com muitas histórias para contar sem nem mesmo ter acontecido.
Me senti honrada e abençoada com o cuidado deles terem encomendado o livro para mim, com a preocupação de que chegasse a tempo pelo dia de meu aniversário e ainda de me enviar antes por ansiedade em me agradar.
O Bernardo de Manoel de Barros é como o Bernardo, esse meu amigo, que me faz apitar a cada trilho e trem que vejo, irmão da princesa Julia que toca violão, adora jujubas e é fã da Magali, filho de Ana, que para mim é como a enseada que Manoel acha melhor não descrever para não desencantar.
A importância desse livrinho, de sua chegada, seu envio e de quem o enviou é de um tamanho a perder de vista para mim. Bernardo para quem não sabe é um nome que marca os escritos de Manoel, é seu auter ego (outro eu, outra personalidade de uma mesma pessoa) que assobia em voz e cantos em seus escritos, de forma ímpar, simples e metafórica em uma comunhão linear entre os dois eus e a poesia. Outro dia falo mais dele.
O Bernardo de Manoel e ele, assim como o Bernardo de Ana em parceria com ela e com a doce e ativa Júlia são criaturas sinestésicas, que mexem com nossos sentidos, ativam, adornam, clareiam, ensinam com seus olhares, palavras, sentires cotidianos, com suas gentilizes e gestos simples que acompanho de longe, que o valor das coisas está num misto de sermos inteligentes e inocentes, sonhadores e realizadores, está em abrir o coração, soltar o verbo, ver a poesia no dia-a-dia, desmistificar os sentimentos.
Minha admiração e gratidão para olhos que nunca fitei, mãos que nunca toquei, mas sinto, valorizo, meço a importância sem achar um número, uma unidade de medida, me utilizando "apenas" de palavras, imagens, poemas, canções e emoções.