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Dos fuviamentos

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Já falei aqui de Eurides
Uma ajudante de minha mãe que ajudou a me criar
E que além do sorriso, simpatia, cheirinho de alfazema
De carinho farto, tipo abraços e beijos mil
Era rainha de penteamentos de meus cabelos
E dos dela, sempre grandes e sempre amarradinhos em coque
Mãe preta da minha ida nas férias para sua humilde residência
Ela é fonte de muitas lembranças minhas
De muitas histórias
Cozinhava muito bem, a quiabada é imbatível
Nunca comi igual e ela sabia esse era meu prato preferido que ela fazia
A galinha ensopada era de comer o caldo com farinha e rezando
Na casa dela tinha um fogão que era mágico
Com pouco sai muito e tudo sempre delicioso
Tinha uma beliche, uma cama de casal, um sofá de dois lugares
Um único guarda-roupas
E um punhado de gente, da casa das dezenas
E lá, eu me sentia espaçosa e bem vinda
Tomava banho no tanque ou de tubo no estilo chuveiro sem boxe ou cortina
Me divertia a beça
E lá aprendi sem saber na ocasião, muitas grandes pequenezas
De manias dela tenho a de cheirar as coisas
Nem tudo, nem sempre
Mas quando me pego mordendo algo e cheirando, é culpa dela
Dela também é a expressão fuviando
Dita nos momentos das cabeças cheias de piolhos
Ela só de ver o pente ou falar dos tais
Dizia sentir a cabeça dela fuviando
Tradução: coçando, fervilhando, formigando
Fiquei fuviando para vir falar dessa palavrice aqui
Esqueci e hoje lembrei
Dela nunca esqueço, nem esquecerei
Tem gente, coisas, sentimentos, que são para sempre
Porque estar perto não é só estar junto, presente
É estar dentro

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