Quantcast
Channel: Meu Blog e Eu
Viewing all articles
Browse latest Browse all 957

Gastrô Tinga

$
0
0
Recebi como sugestão de postagem de uma amiga leitora (adoro receber sugestões e ilustrações), uma reportagem que me apresentou as culinarices, talento e criatividade de um jovem chamado Timóteo Domingos, que com 17 anos se especializou em transformar as plantas símbolo da Caatinga em pratos saborosos e dignos de restaurantes de elite. Eu assisto a vários programas de culinária, para aprender afazer, conhecer ingredientes, pratos típicos dos lugares, para abrir o apetite, porque cozinhar é uma arte  e uma ferramenta de socialização, uma marca cultural e não resisti em trazer ele e sua história para cá.
Nascido no interior de Alagoas, esse garoto, segundo depoimento do próprio, aprendeu a cozinhar ajudando a avó em casa, como faz todas as crianças e jovens de famílias menos abastadas, por necessidade e por senso de coletividade que se aprende no berço (ou no chão frio revezando um só cobertor).  Desde bem novo ele também ajudava os pais na roça, como toda criança ajuda os pais nos interiores Brasil afora.
Quando a família dele se mudou para Sergipe (vale pontuar que adoro gastronomicamente Aracaju), a sorte do garoto de 15 anos, mudou. Brigadeiros de goiaba com umbu e mandacaru, Mousses de cacto, Pizzas com massa de palma e outras iguarias eram feitas por ele em casa e vendidas na escola (vendi muito pãozinho, sonho e banana real feitos por meus pais nos meus tempos de escola para ter meu dinheiro para lanches na cantina, queimados, barretes, que eram desejadas fivelas para cabelo na modinha na época).
Voltando ao menino cozinheiro e de atitude, agora com chiquetoso e merecido status de Chef do Sertão, ele ganhou dois concursos de culinária em 2013, foi convidado para estagiar em um restaurante de Maceió e além de na matéria que recebi e li, de outras por ai, dessa humilde postagem aqui tal e coisa, coisa e tal, ele está no primeiro semestre do curso de Gastronomia na Faculdade de Tecnologia de Alagoas, graças a uma bolsa de estudos (Oxalá que os bons e visionários sejam maioria).
Que o reconhecimento a ele e uso desses ingredientes e receitas sejam uma constância. Que como os índios no fogão e mesas humildes e granfinas se consuma e se descubra cada dia mais os valores nutricionais e saudáveis de cascas, raízes, folhas, sementes. Que a criativamente batizada Gastrô Tinga (gastronomia da Caatinga) seja um cartão postal de nosso país além de futebol e praias, que seja valorizada e disseminada a sustentabilidade e o lado social dessas receitas, desse fazer desse garoto e de outros anônimos, do que é descartado como lixo, ou parte da paisagem insólita da seca, ser alimento para quem tem fome.
Uma semana de independência, comida na mesa, criatividade, boas histórias, sabores, fazeres, realizações, paz e bem. Viva o Brasil e amém!

Viewing all articles
Browse latest Browse all 957