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Adeus! Ah Deus!

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"Comprimidos aliviam a dor mas só o amor diminui o sofrimento"
É uma frase dita pelo doutor palhaço interpretado por Robin Williams, em Patch Adams, que vou emendar numa frase dita por Paula Gomes, parceira de meu irmão nos muitos filmes circenses que produziram: "O circo chega aonde o cinema não chega". O cinema chegou para ele e ele para o cinema, o nariz de palhaço caiu nele tão bem e através dele, o ator e seu personagem chegaram em muitos hospitais, em muitos corações. E o coração dele? 
Como diz a sabedoria popular, coração é terra em que ninguém passeia, logo ele que passeou pela Terra do Nunca, protagonizou o menino que nunca cresce, que passou pelas aventuras de Jumanji, pelo Museu de História Natural, incorporou um homem bicentário, se vai, por um desatino, aos 63 anos. Indomável como tantos outros gênios que vemos nas telonas e perto de nós, perdendo para as drogas, para as perturbações mentais. Pessoas com talento, com carisma, com fortunas, com oportunidades e que não conseguem administrar os insucessos ou para quem o sucesso e a fortuna tomam rumos nocivos. 
Essas pessoas muitas vezes não sabem que o melhor delas para muitos que os cercam é aquele dia que ela não pagou a conta, aquele filme que ela não ganhou o Oscar, aquele sorriso, aquela história que não teve palco, não teve aplausos. Como ele disse, em seu personagem de Uma noite no Museu: "Alguns homens nascem grandes, outros tem a grandeza imposta a eles". Ele nasceu pequeno e foi grande, tenha sido por imposição ou não, parece que lhe pesou.
Alguns filmes entrarão ainda em cartaz com ele vivo, todos os filmes que fez o manterão vivo, falando, andando, atuando. Para mim, dos seus papéis, o do gênio indomável lhe cabe pelo nome do filme e o fim que ele teve em vida, lhe cabe pela perturbações do personagem, pelo jeito doce, sorriso terno e ao mesmo tempo um olhar triste. Lhe cabe como uma luva também o papel de palhaço, pois ele tinha um ar alegre e triste. Nessa foto de sua estrela na calçada da fama, tem uma sombra, não sei do que, uma sombra havia em sua vida, sabiam as pessoas ou não, sabia ele ou não o porque. Agora é tarde para questionar ou ajudá-lo.
Tem ainda outro filme encenado por ele, que acho fabuloso, a história, sua atuação, a arte do filme, a poesia, chamado: Amor além da vida. No filme ele morre e não vai para um céu com arcanjos e harpas, pois o céu seria como um universo particular e o dele é uma pintura, pois sua mulher coordenava uma galeria de arte. Enquanto tenta entender seu personagem fica sabendo que ela, dominada pela dor, comete suicídio. Assim, ele nunca poderá encontrá-la, pois os suicidas como se diz em todos os credos, são mandados para outro lugar. Mas, mesmo assim, ele decide achar ela, e é avisado de que se a encontrar, não a reconhecerá. É isso que senti ontem, quando vi a notícia de seu suicido, não o reconheci. Um poeta morto! Em referência e saudação ao filme Sociedade dos poetas mortos, que vi muitas vezes e que ele protagonizou a cena mais triste da trama, em sua última atuação no palco da vida. Adeus Sr. Robin!

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