Em resumo, restinga é um espaço geográfico formado por depósitos arenosos paralelos à linha da costa, onde se encontram diferentes comunidades que recebem influência marinha. Com essa referência vou usar de minha localização geográfica: os mares e marés da Bahia e desse canal que alcança diferentes pessoas e comunidades, para recortar o tinga, do restinga e dar uma desabafada, acompanhada de sugestão.
Tenho ensaiado trazer para cá o assunto racismo, por conta do ocorrido em campo com o jogador Tinga, mas em meio a tantas manifestações, do telegrama do ministro a faixa do time rival, passando por frases, imagens e textos ímpares que li por ai, resolvi deixar passar um tempinho, porque brasileiro esquece rápido demais das coisas, o mundo na verdade está assim deixando passar tudo, um assunto é rapidamente substituído por outro nas redes sociais, um recado deixado ou uma homenagem é engolido por uma enxurrada de propagandas, bobagens e outros recados e homenagens de temas diversos. O que passa na tv, no rádio, o que está estampado nos jornais, o que falamos com alguém que finge estar prestando atenção mais só mexe com a cabeça ou diz hum hum, por muitas vezes não é lembrado no dia seguinte, ou pior, não é lembrado horas depois. Há casos bem graves!
Sempre recomendo filmes e livros por aqui, porque gosto e também porque sei do trabalho que há por traz de cada produto da sétima arte e das edições e produções dos impressos, que de maneiras diversas com materiais meticulosamente preparados, passam seu recado de uma forma competente, tocante, reflexiva, transformadora. Quem nunca se sentiu modificado após um filme, uma cena, uma leitura, uma frase, um personagem?
Recomendo que seja exibido em sala fechada com os imitadores de macacos presentes no estádio de Huancayo, os filmes: Um sonho de liberdade e Invictus, um atrás do outro, com pausa só para ir ao banheiro e beber água, um de cada vez, porque quem tem um comportamento feio daqueles não tem modos.
No mais uma batidinha de folhas e um banhinho de pipoca na saída da exibição, um abraço gostoso de uma mãe preta daquelas de roupa alva, cor de paz, com cheirinho de alfazema no cangote e nas mãos aroma de quitutes de adoçar até a mais azedos das criaturas, além do um sorriso largo do tipo de se sorri junto sem querer. Para fechar uma batucada, com samba de roda, moleques e meninas que tem o samba no pé e no quadril, um bolinho de Iansã (acarajé) com um pouquinho de pimenta para dar o tom do pedido quente de desculpas em coro ao Tinga e a Deus.