Da poesia Canção de ver, de Manoel de Barros:
"Por viver muitos anos dentro do mato
Moda ave
O menino pegou um olhar de pássaro
Contraiu visão fontana
Por forma que ele enxergava as coisas por igual
Como os pássaros enxergam
As coisas todas inominadas
Água não era ainda a palavra água
Pedra não era ainda a palavra pedra e tal
As palavras eram livres de gramáticas
E podiam ficar em qualquer posição
Por forma que o menino podia inaugurar
Podia dar às pedras costumes de flor"
Visão fontana é enxergar as coisas por igual, como os pássaros enxergam e isso não é coisa natural dos homens infelizmente, embora quando crianças se tenha essa visão.
Quando somos pequenos, por exemplo, e não sabemos ainda os nomes das coisas e aprendemos ficamos espantadas a cada olhar para elas, a cada pronúncia dos adultos dos nomes ditos geralmente com ênfase: O Cachorro! A Bola! Água! Depois, com o aprendizado, os adultos nada fontanos, tiram a cara de espanto, o tom, o encantamento associado a cada palavra e coisa e com isso, além das definições e usos determinados, limitamos as ilimitadas utilidades e sentidos de tudo.
Penso que vale seguir depois da infância investindo além dos aprendizados, pressões, limite, objetividade, pressa, lógica, em encantar-se, emoldurar, desconstruir significados, utilidades, importâncias, funções, seja das coisas, objetos, acontecimentos, pessoas e assim treinarmos, buscarmos, usufruirmos do olhar dos passarinhos, como que dando as pedras costumes de flor, como diz o fontano Manoel. Fica a dica!
Quando somos pequenos, por exemplo, e não sabemos ainda os nomes das coisas e aprendemos ficamos espantadas a cada olhar para elas, a cada pronúncia dos adultos dos nomes ditos geralmente com ênfase: O Cachorro! A Bola! Água! Depois, com o aprendizado, os adultos nada fontanos, tiram a cara de espanto, o tom, o encantamento associado a cada palavra e coisa e com isso, além das definições e usos determinados, limitamos as ilimitadas utilidades e sentidos de tudo.
Penso que vale seguir depois da infância investindo além dos aprendizados, pressões, limite, objetividade, pressa, lógica, em encantar-se, emoldurar, desconstruir significados, utilidades, importâncias, funções, seja das coisas, objetos, acontecimentos, pessoas e assim treinarmos, buscarmos, usufruirmos do olhar dos passarinhos, como que dando as pedras costumes de flor, como diz o fontano Manoel. Fica a dica!