A imagem escolhi das que tenho aqui
E não lembro se ganhei ou achei por ai
Uma representação de mim e Carla
A quem não conheço
Mas compartilhamos dia desses
Em sintonia, lembranças e sentimentos
Como num papo entre amigas
Através de um dos escritos dela que segue
"Antes de a Ave-Maria sair do rádio AM
O perfume do feijão sendo cozido invade a sala
Onde assisto a Emília deixar sem graça quem não sabe sorrir
Minha avó reza tão baixinho mas eu escuto
Sempre escuto o que ela não quer contar
Tenho acesso ao seu coração partido
Tenho acesso ao seu coração partido
Á religiosidade dos seus pedidos de proteção
Aqueles que aprendeu a amar
Aqueles que aprendeu a amar
Ave-maria cheia de graça eu a convido à minha casa
Para jantar feijão e reza e me contar sobre os milagres engavetados
Vou chamar você para uma conversa
Essa menina que já sente falta sem saber do quê
Se comove com quem não sabe ver beleza nos quintais
E não corre por eles
Alimentando a imaginação de deuses e anjos
Flertando com árvores carregadas de frutos
Bendito é o fruto do vosso ventre e bendita é a paz
Quando ainda há uma réstia de esperança
De não deixar para trás a lembrança
Como se ela fosse filme guardado para ser assistido mais tarde
E minha avó deixa que eu experimente do feijão e do sorriso dela
Hoje mulher nem sempre adulta
Filha da pungente saudade enamoro a magia da poesia
Crio minhas próprias fantasias
Mas sei quem existiu feito benção
Na vida de menina que nasceu pronta
Para se jogar com intensidade às redenções
Benditas são entre as mulheres
Emília
Ave-maria
Anita"
...
...
Maria, Bela
Esse poema oração do qual eu trouxe recortes, foi escrito por uma menina mulher chamada Carla Dias, que conheci através das janelas abertas com vista para o que é bom na internet. Com sua permissão concedida para publicação, registro aqui para ela o recado de ter imaginado que um dia avó, ela sorrirá com seu poetar.
Anita é o nome da vozinha dela, Maria é o nome da minha, a única que conheci, a outra viveu e partiu em terras espanholas. Dona Maria segue aqui presente e ausentando-se aos poucos. Bela é o nome da avó de meu marido, já há muito uma estrela a brilhar no céu.
Eu costumo todo dia clicar nas publicações dos blogs amigos, por amizade, pelo tema, só para ler, para ler e comentar e uma lembrança das tardes de domingo me chamou pelo nome de: Porta da esperança, foi o titulo da postagem de Carla exibida no mural de publicações recentes dos blogs que sigo.
Eu costumo todo dia clicar nas publicações dos blogs amigos, por amizade, pelo tema, só para ler, para ler e comentar e uma lembrança das tardes de domingo me chamou pelo nome de: Porta da esperança, foi o titulo da postagem de Carla exibida no mural de publicações recentes dos blogs que sigo.
Esse antigo Programa de Silvio Santos trazia aos domingos através da abertura de uma porta: histórias, sonhos e esperança. Do título da postagem e recordação do programa ao poema oração contido lá, lembrei de meu avô que adorava esse e todos os programas com o Silvio. Durante a semana ele ouvia seus radinhos de pilhas na AM, da Ave Maria ao futebol enquanto minha vó tratava peixes com agilidade de quem vive da pesca, que nunca foi seu caso, fazia panquecas divinas com sardinhas escabeche ou um cozido que era de comer rezando e depois para mover um músculo e piscar sem dormir, era um enorme desafio.
Passava dias na casa de meus avós. Vi muito as portas da esperança se abrirem, assisti de boca aberta o Sítio e elegi de lá até aqui a Emília, o Visconde e o Saci como meus favoritos, ri muito com as trapalhadas dos trapalhões, tomei muita vitamina de banana com pão com queijo no lanche da tarde, joguei muito baleado, pulei elástico, rodopiei bambolês e minha avó berrava da janela para eu subir das áreas comuns dos prédios onde eu me esbaldava. Não eram plays ou salas de brincar, eram corredores, blocos, escadas, espaços religiosamente e alegremente preenchidos com nossa energia e criatividade.
Tomei muitos banhos com minhas duas irmãs, todas juntas de cortina aberta e voinha esfregando a gente com sabão de coco, do cabelo aos pés, com força de quem esfrega pano de chão. Cabelos devidamente esticados e amarrados, e de se pasmar sedosos com sabão de lavar roupas, ninguém ousasse arredar os pés do sofá para de novo se sujar.
Tive muitas fantasias, dentre elas a de fazer pedidos na tal Porta da esperança, ia pedir sei lá o que, sonhei também ganhar um carro de uma promoção da Pepsi e ir no Show da Xuxa. Aguei pelo feijão no fogão aos domingos, feito por minha avó ou minha mãe, desejei o refrigerante que só era permitido (saudavelmente falando) e podido (financeiramente falando) no final de semana e os passeios nas praças.
Tomei muitos banhos com minhas duas irmãs, todas juntas de cortina aberta e voinha esfregando a gente com sabão de coco, do cabelo aos pés, com força de quem esfrega pano de chão. Cabelos devidamente esticados e amarrados, e de se pasmar sedosos com sabão de lavar roupas, ninguém ousasse arredar os pés do sofá para de novo se sujar.
Tive muitas fantasias, dentre elas a de fazer pedidos na tal Porta da esperança, ia pedir sei lá o que, sonhei também ganhar um carro de uma promoção da Pepsi e ir no Show da Xuxa. Aguei pelo feijão no fogão aos domingos, feito por minha avó ou minha mãe, desejei o refrigerante que só era permitido (saudavelmente falando) e podido (financeiramente falando) no final de semana e os passeios nas praças.
Comecei a semana saudando a confeitada estrela D. Etelvina, as receitas de avós e mães, a eternidade em nós de nossos antepassados e na mesma toada, como doce que se tem vontade de repetir e repartir, me sentindo por minha avó abençoada, penteada, perfumada e amada, ainda que nós duas tenhamos sido toda vida rabiadas (expressão espanholada falada lá em casa para pessoas viradas no molho de coentro, geniosas).
Recordações, carinho, gratidão para enfeitar o meio da semana, para provocar muitas conversas entre meninas, meninos, mulheres, homens, senhoras e senhores. Com bençãos, cheiro de comida boa na panela, de roupa lavada e passada, de alfazema, cura e doçura de abraços, sorrisos, alegria de quintal, de tirar fruta do pé e calmaria de cafuné.