Eu as vezes fico mareada com o exagero das pessoas, com as outras pessoas, consigo mesmas, com as coisas. Uma falta de limites, uma busca sei lá de que.
Antes por exemplo, tinha muita gente que tinha tatuagem, mas eram mais sutis, na nuca, pulso, no pé, uma imagem simbólica geralmente, hoje são pernas inteiras, os dois braços, costas inteiras, rabiscos que nem que faz sabe explicar, exageros além da minha aceitação. Para que tudo isso? Sou do tempo de dizer sem ser preconceituosa: Quer chamar a atenção? Pendura uma melancia no pescoço. Cabelos rasta são um outro exemplo, eram usados como filosofia de vida, dentro de todo uma crença, hábitos, contexto. Hoje se usa porque se usa. Se bebe porque todo mundo bebe e o que todo mundo bebe. Ter uma bebida preferida, beber só uma dose por gosto é muito fora de moda. Encher a cara é exigência básica. Ter rotina de acordar, tomar café, ir trabalhar, almoçar, trabalhar de novo e voltar para casa, na sexta ou final de semana um programinha, quando não der aquela vontade sadia e revigorante de ficar em casa sem fazer nada. É! Não fazer nada! Isso parece insano para muitos, sinal de depressão, perda de tempo.
Muitas são as pessoas que não param, que saem no automático, que bebem exageradamente, de segunda a segunda, que firmam compromissos de determinada coisa para todas as quintas, de ter que ir nem que chova canivete, pessoas que vão a incontáveis shows e festas, sem nenhuma distinção. Tomar um sorvete, andar no calçadão sem ser para malhar ou se exibir, ir assistir a um filme de dia, sem mil torpedos chamado para ir para balada na saída. Visitar a avó, um tio, um amigo de infância. Ficar debaixo da coberta em um dia de chuva e pedir comida chinesa ou uma pizza são hábitos de pouca gente, mas minoria não é sinal de menos.
Menos as vezes é sinal de mais. O que eu quero, gosto, a velocidade, a quantidade, por exemplo, é menor do que a maioria tem como ideal. E não quero mudar ninguém, só quero estar em meu barquinho de madeira, na companhia de quem quero bem e que os jet skis passem na velocidade que desejam, mas que por favor e educação não molhem ou atropelem quem quer navegar.