Sou fã do Chico Bento e acho que já disse isso por aqui. Nhô Lau eu só gosto do nome, muito chato ele esbravejar por conta de pequenos afanos na ruma de goiabas que ele tem dependuradas nas goiabeiras de sua fazenda.
No quintal da casa de meus pais tinha uma goiabeira, na verdade ainda tem, só que tá bichada. Pratrasmente subi muito nela para pegar goiabas ou tirar folhas da calha. Também cutucava os araçás, como chamamos aqui as goiabas brancas por dentro, como eram as de lá, com uma vara que tinha um saquinho na ponta, feita por meu pai.
Comi muitas lavadas e ainda molhadas, outras sem lavar, para ter gosto de céu e bico de passarinhos. Encontrar meia minhoca nunca foi um pensamento que me inibisse a comilança. Minha mãe fazia compota e eu também caia de boca.
No quintal da casa de meus pais tinha uma goiabeira, na verdade ainda tem, só que tá bichada. Pratrasmente subi muito nela para pegar goiabas ou tirar folhas da calha. Também cutucava os araçás, como chamamos aqui as goiabas brancas por dentro, como eram as de lá, com uma vara que tinha um saquinho na ponta, feita por meu pai.
Comi muitas lavadas e ainda molhadas, outras sem lavar, para ter gosto de céu e bico de passarinhos. Encontrar meia minhoca nunca foi um pensamento que me inibisse a comilança. Minha mãe fazia compota e eu também caia de boca.
No mundaréu que é a internet e nas descobertas trocadas via e-mail com a amiga Ana, juntas saboreamos muitas goiabas de um tal menino das goiabas verdes, que se chama Marcílio Godoi. Imagens, poesias, crônicas, sensibilidade de passarinho que pousa, canta, olha a paisagem, se deixa fitar por nossos olhos e se vai deixando o fruto pra gente. O blog não tinha muitas visitas e comentários e lá se foi ele pousar seus versos e prosas na terra tão fértil e mal utilizada do Face. É preciso perfis como o dele por lá, eu pensei no ato. Que faça boas semeaduras então, ensine as pessoas a se alimentarem de palavras saudáveis e a curtirem e compartilharem o que é bom. Segue de aperitivo, um trecho de seus escritos:
"A poesia o pega no elevador. Em flagrante correria, entre espelhos um de frente para o outro, você vê de relance sua própria imagem se refletir ao infinito, milhares de vezes repetidas numa curva espiral. Você sorri amarelo, pensa que amanhã vence o aluguel e, sem tempo para essas surpresas da poesia, aperta nove vezes o botão do andar térreo.
Você ganha rapidamente a rua e a poesia o aborda de novo na calçada, com um tapete de pitangas caídas de uma árvore que sempre esteve ali, mas que você jamais supôs ser tão portentosa e perfumada pitangueira. Você esmaga solenemente alguns frutos com o sapato e entra no primeiro táxi que lhe aparece.
Dentro do veículo, a poesia fica lhe espremendo contra o estofado, apontando para o canário de plástico que brinca no retrovisor do taxista e também para o esfiapado de retalhos coloridos do trono de rei momo do assento dele. Você se inquieta, a poesia saúda a florada de ipês rosas e amarelos que passam apressadas pelo pára-brisa, assaltando a paisagem lá fora."
Olhos de poesia e paisagens com ipês, ingás, canarinhos, coleirinhas, amendoeiras, rios, mares, cerejeiras, oliveiras, pombas e goiabeiras nas nossas vidas, seja no cotidiano ou viagens e sempre por dentro.
Olhos de poesia e paisagens com ipês, ingás, canarinhos, coleirinhas, amendoeiras, rios, mares, cerejeiras, oliveiras, pombas e goiabeiras nas nossas vidas, seja no cotidiano ou viagens e sempre por dentro.