Hoje, dia dos pais, vai ter duas postagens aqui, uma para meu pai e outra para o pai de meu filho. Sendo duas e sendo todos nós tão diferentes e tão iguais por esse mundaréu afora, há de ter semelhanças e identificações dos "meus" pais com os pais de quem, ou os pais que por aqui passarem, com as histórias que vou contar.
Já falei do lado padeiro, confeiteiro, concertador, apanhador e colecionador de desperdícios de meu pai. Mas ele ainda tem outro lado: marinheiro. Guillermo Benjamin Bautista Alconero, para mim é bem nome de capitão e ele ainda tem bigodes e barbas. Ele tem também um quê de pirata, mas como hoje é dia dos pais, vou deixar ele no comando do timão.
Ele veio para o Brasil pelo mar, gosta de histórias de navegação, de miniaturas de barcos e levava a gente (os filhos), para passear na Ribeira, bairro aqui de Salvador que é um atracadouro de embarcações de todo tipo.
Já desenhei muitos barcos para ele em cartões de aniversário e de dia dos pais e já dei a ele um livro de Amir Klink, que foi um dos poucos presentes que ganhou e não botou defeito. Falando em livros sempre vi entre os dele um tal de O velho e o mar, sei que é um título famoso, mas nunca me interessei por saber do que se tratava. Eis que vou pesquisar sobre Ernest Hemingway para trazer seu nome e escritos para cá e para minha surpresa e ignorância, é ele o autor do tal livro.
Para minha maior surpresa ainda o autor era norte americano e meu pai gostar de algo norte americano é quase como um roqueiro gostar de Chitãozinho e Xororó. Descobri com mais pesquisas que ele trabalhou como correspondente de guerra em Madrid durante a Guerra Civil Espanhola e entendi a simpatia.
Para minha maior surpresa ainda o autor era norte americano e meu pai gostar de algo norte americano é quase como um roqueiro gostar de Chitãozinho e Xororó. Descobri com mais pesquisas que ele trabalhou como correspondente de guerra em Madrid durante a Guerra Civil Espanhola e entendi a simpatia.
"Mesmo quando estava entre a multidão, estava sempre sozinho" escreveu Hemingway e bem pode ter sido escrito em sua Moleskine, ele usava uma e eu pesquei ela pois bem podia essa frase ser dita sobre meu pai.
O velho e o mar, não li, pesquisei também e descobri que conta a história de um homem que convive com a solidão do alto-mar, com seus sonhos, pensamentos, perrengues, luta pela sobrevivência, teimosia e uma inabalável superação. Um fio atravessa a narrativa e prende na ponta da linha um peixe grande, como tem que ter em toda história de pescador. O tamanho do peixe não importa, o que se diz e me pareceu de fato é que Hemingway conta uma das mais belas histórias da literatura. Olha eu colocando mais um livro na minha lista, fiquem a vontade para pegar o mesmo barco.
Santiago é o nome do velho pescador e nas ilustrações que vi dele na internet, se parece com meu pai. Santiago, vale pontuar, é o nome do santo espanhol de devoção mundial e de grande representação cultural. O tal pescador não apanhava um único peixe e de portador de má sorte a mau pescador lhe faziam maus julgamentos.
Meu pai não fez grandes pescarias aos olhos dos grandes comerciantes, embora as tenha feito e ainda faça, pescarias, navegações, descobertas e em especial para nós fez de tudo para não faltar o pão de cada dia, ensinou muitos valores além do que compra o vil metal. Como Santiago Apóstolo e o Santiago da história, S. Guillermo possui têmpera de aço, acredita em si mesmo, e ainda que muitas vezes sozinho, enfrenta o alto mar da vida, com suas boas e más marés, munido da certeza e muitas vezes incerteza de que terá sucesso e eu sempre estive e estarei apostos, maruja, discípula, filha, fã.