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Samaúmas, Carrancas, Tororó e Orixás

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Não! Não estou falando grego ou aramaico. Samaumas, Carrancas, Orixás e o Dique do Tororó são tesourinhos culturais, clica aqui para ver uma matéria exibida aqui na TV Bahia, que inspirou essa postagem e os escritos que seguem e que conta histórias e lendas, com imagens regadas pelo Rio São Francisco.
Como na matéria do link, as carrancas são muito bem apresentadas, vou prozear sobre as samaúmas e os orixás em roda, como que em oração reunidos em meio as águas e também espalhados em volta do Dique do Tororó, manancial natural da cidade de Salvador, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
A arte das esculturas de orixás que ficam no dique são de Tati Moreno e a religiosidade e cultura pulsante em cada uma delas são coisas da Bahia. O orixá da imagem que escolhi é Ossain ou Oxossi, associado aos santos católicos São Benedito e Santo Onofre. Ele é curandeiro, alquimista, químico, médico, boticário de poções de cura, equilíbrio, controle de sentimentos e emoções. É o senhor das folhas, usa um pilão, veste verde e tem um objeto de sete pontas, no qual, na ponta central, há um pássaro.
De folhas e aves, as árvores entendem bem. A grandiosa Samaúma ou Sumaúma é o nome usado para descrever a fibra obtida do frutos da Mafueira, também conhecida por Algodoeiro. A mafumeira é um símbolo sagrado na mitologia Maia e li por ai que em certos lugares ela atinge a altura monumental de setenta metros. Na Amazônia, onde se encontra em extinção, é o nome dado a cinco ilhas fluviais, dois lagos, duas cachoeiras e de um barco que faz ininterrupta comunicação, entre as famílias relacionadas às diversas samaúmas da extensa região. É tida como a rainha ou mãe da floresta por muitos e admirada tanto por sua altivez e beleza quanto por algumas singularidades, como o armazenamento de água em seu tronco e o destino dado a ela e propriedades medicinais pouco exploradas.  
O movimento das águas no seu interior produz ruídos, chamados de estrondos pelos caboclos, o som pode ser ouvido por toda a floresta. A fibra industrializada extraída da mafumeira é passaporte carimbado para sua extinção e para o enchimento de colchões, almofadas, coletes salva-vidas, isolantes térmico, dentre outros objetos. Suas raízes cobrem um raio de mais de trezentos metros tendo como centro o seu tronco e quando ela estronda libera a água do caule para o solo regando as plantas que estão ao seu alcance durante a estiagem e dando assim vida a elas e alimento a animais.
Um exemplo de grandiosidade e partilha de um ser "irracional", ensinamentos da natureza sobre dividir, armazenar, dar guarida e proteger os pequenos, promover e fazer parte da harmonia e parceria necessária para o bem individual e coletivo.

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